São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Covas anuncia retomada de hidrelétrica

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem dinheiro para acabar uma obra começada há 17 anos, o governo Mário Covas encontrou na parceria com a iniciativa privada a saída para tentar pôr pelo menos três turbinas da hidrelétrica Porto Primavera em funcionamento no ano que vem.
O governador Mário Covas (PSDB), o secretário de Energia, David Zylbersztajn, e o presidente da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Andrea Matarazzo, visitarão a usina hoje e anunciarão a retomada das obras.
O governo paulista vai lançar um tipo de título para ser comprado por fornecedores da própria obra. Esse papel terá o pagamento garantido pela energia que será gerada pela usina de Porto Primavera.
Títulos semelhantes já foram emitidos em governos passados, no Estado de São Paulo. Ficaram tão mal afamados que foram proibidos pelo governo federal. O dinheiro arrecadado com aqueles papéis -certificados de venda a termo de energia- teria sido desviado e os títulos "micaram".
Recentemente, entretanto, o governo paulista convenceu o Conselho Monetário Nacional a aprovar o lançamento desse novo título, mediante o compromisso de que o dinheiro só poderá ser usado na construção de Porto Primavera.
O custo inicial da obra, em 1979, era de US$ 1,4 bilhão. Até hoje, já foram gastos quase US$ 7 bilhões, sendo que mais da metade disso é referente ao custo financeiro do dinheiro, ou seja, juros.
Para colocar em funcionamento as 18 turbinas, que produziriam 1.800 megawatts (MW) de energia, seria necessário investir cerca de R$ 2 bilhões. Mas o governo pretende resolver o problema com 12 turbinas e cerca de R$ 1,2 bilhão de investimento.
Se, desta vez, o governo conseguir colocar três turbinas para funcionar, serão produzidos 300 MW de energia, o que é suficiente para iluminar uma cidade com 1 milhão de habitantes, segundo o secretário Zylbersztajn.
O secretário afirmou que essa produção de Porto Primavera, ainda que esteja longe da capacidade total da usina, representará "uma boa folga" para o sistema energético de São Paulo. "Isso afasta o risco de blecaute no Estado", disse Zylbersztajn.
Dificuldades
A construção de Porto Primavera, encravada no extremo oeste de São Paulo -no Pontal do Paranapanema- sempre foi criticada pelo "desastre" que poderá provocar na região.
A barragem de 11 km de extensão no rio Paraná requer a formação de um reservatório de 10 mil quilômetros quadrados. Isso significa inundar uma área de mais de 2.000 quilômetros quadrados, ou seja, cerca de 65% da área que a usina de Itaipu inundou para gerar sete vezes menos energia.
A maior parte da área inundada (80%) fica no Estado do Mato Grosso do Sul. Os outros 20% ficam em São Paulo.
Porto Primavera é a última hidrelétrica de grande porte que poderá ser feita no Estado, cujo potencial de geração desse tipo de energia em grande quantidades já está praticamente esgotado.

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