São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Polícia do Rio pressiona jornal a entregar endereço de fonte

"Jornal do Brasil" se recusa a revelar lista de assinantes

DA SUCURSAL DO RIO

A polícia do Rio está pressionando o "Jornal do Brasil" a entregar o endereço de um informante do jornal que se diz testemunha da morte de Armando Pinho Tavares, dono do Bar Bracarense, tradicional ponto boêmio do Leblon (zona sul). Tavares foi morto a tiros na madrugada de 26 de junho.
A polícia obteve da Justiça uma intimação para que o jornal entregue a lista dos seus assinantes na rua Barão de Lucena (Botafogo, zona sul), onde mora o homem que diz ter testemunhado o crime.
O informante do jornal não quer ser formalmente qualificado como testemunha do crime, mas aceitou fazer para a polícia um retrato falado do suposto assassino, na sede do jornal. Com base nesse retrato, foi preso o sargento da PM (Polícia Militar) Enéas da Silva Barbosa como principal suspeito do crime.
A polícia fez o retrato falado, mas não identificou a testemunha. Dias depois, na tentativa de retomar contato com a testemunha, a polícia fez seu retrato falado, publicado pelo jornal "O Dia".
Na segunda-feira passada, o juiz Sidney Rosa da Silva, do 4º Tribunal do Júri, determinou que a polícia solicite ao jornal a relação dos assinantes da rua Barão de Lucena.
O editor do "Jornal do Brasil", Marcelo Pontes, disse que não fará a entrega da lista. Afirmou que, até o final da tarde de ontem, o jornal não havia recebido a intimação.
Pontes disse que os advogados do jornal irão recorrer, alegando que a entrega criaria "constrangimento ilegal" para o jornal.
O editor disse ainda que, para o jornal, "essa pessoa é uma fonte (de informação) e vai ser tratada permanentemente como tal".
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) divulgou nota em apoio ao jornal. Para a entidade, a tentativa da polícia "viola o direito de resguardar o sigilo da fonte, garantido pela Constituição, um dos pilares da liberdade de imprensa".

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