São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Mais venda, menos lucro

LUCIA REGGIANI
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas cresceram, mas lucrar com elas ficou difícil em 1996. As cem maiores empresas de informática juntas faturaram 17,5% mais e ganharam 8,5 vezes menos do que em 1995, segundo o Datafolha.
Guerra de preços, endividamento, ajuste à economia estabilizada e concorrência do mercado cinza -mescla componentes legais com contrabandeados para vender barato- são as causas mais citadas pelos empresários da performance de 96.
Em microinformática, esse cenário ganha números eloquentes. Segundo dados da Fenasoft, o volume de vendas cresceu 51%, atingindo 1,3 milhão de micros.
Mas a maior fatia do bolo ficou para os micros sem marca ou contrabandeados -saltou de 50% em 95 para 60% do mercado no ano passado. Os dez maiores fornecedores ficaram com 26%, e marcas medianamente conhecidas, com 14%.
A maior parte da queda livre da rentabilidade (veja quadro) é atribuída pela Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) à guerra de preços na área de micros domésticos.
"Empresas desse segmento operam mundialmente e, para ganhar posição aqui, optam ou por não fazer resultado ou por desovar pontas de estoque", diz Claudio Vita, diretor de informática da Abinee.
As margens de lucro, segundo Vita, caíram muito em função do mercado cinza, que consegue diferenças de preços de até 40% entre máquinas semelhantes.
Embora o setor se beneficie de incentivos fiscais e proteção contra importações, isso não seria suficiente para compensar o custo Brasil e a falta de escala na produção, que permitiria reduzir os custos fixos.
Entre os entraves, o diretor da Abinee cita o PIS/Cofins, tributo que incide sobre toda a cadeia produtiva e estaria inibindo a terceirização, encargos trabalhistas e o alto custo do dinheiro. "Tudo isso gera produtos mais caros."
Apesar dos pesares, o ano passado foi marcado por investimentos na expansão da produção local de máquinas por empresas já estabelecidas como Unisys, Compaq e Microtec.
Além disso, mais multinacionais aportaram no país, atraídas pelos incentivos fiscais e pelas perspectivas do mercado interno e das possibilidades de estender suas operações ao Mercosul.

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