São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Microcity reinventa a roda

LUCIA REGGIANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Trabalhando mineiramente, a Microcity, de Belo Horizonte (MG), registrou em 96 a maior margem líquida (49,7%) do setor, foi a nona mais lucrativa e a décima mais rentável, segundo o Datafolha.
Mesmo descontando efeitos contábeis -a empresa compra equipamento e imobiliza, e o imobilizado conta como lucro- a Microcity não perde seus méritos.
A base foi montada em 1990, após o confisco do Plano Collor. Para negociar equipamentos numa época de dinheiro escasso, a empresa criou contratos de locação com opção de compra, com prazos de até 48 meses, e ia recebendo todo mês.
O produto, caracterizado como aluguel, passou incólume pelas sucessivas restrições ao crédito e foi crescendo em valor, conta Luis Nacif, diretor de marketing.
Além do parcelamento, o contrato agrega manutenção e assistência técnica por 48 meses no local, com direito à substituição de máquina com defeito.
O cliente tem a opção de trocar o equipamento por um modelo mais avançado, dando o velho pelo valor depreciado contabilmente -a depreciação contábil é de 20% ao ano, contra 50% no mercado.
Outra opção é a atualização tecnológica programada. Em um contrato de 36 meses, o cliente define a troca em 18 meses pelo equipamento mais atualizado.
Utilizando esse esquema, a empresa tem mais de 12 mil itens espalhados pelo país, entre microcomputadores, servidores, equipamentos de telecomunicação e comunicação de dados.
A partir do ano passado, começaram a retornar as máquinas usadas, que estão sendo comercializadas e se revelando um bom negócio. "Nas usadas, só 10% é custo. Então, se eu vender por qualquer dinheiro, já tenho lucro", diz Nacif.
Ao longo dos anos, todo o dinheiro que entrou foi reinvestido no próprio negócio.
"Hoje, o investimento de longo prazo já passou e temos receita garantida por até quatro anos", diz Nacif.
Outro dado importante foi trabalhar sempre com recursos próprios, o que resultou em boa saúde financeira --o endividamento não passa de 4% do patrimônio, segundo o diretor de marketing.
Para Nacif, quem não criar alternativas diferentes de comercialização não vai sobreviver. "Se o nosso modelo se esgotar, inventamos um outro."
(LR)

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