São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Vítima trocou de lugar após o embarque

DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Fernando Caldeira de Moura Campos, única vítima fatal do acidente de ontem, trocou de lugar no vôo. Originalmente, não deveria estar sentado na fileira 18, onde estava quando foi expelido do avião.
No momento do embarque, em terra, ele ficou com a poltrona 7C, 11 fileiras à frente daquela em que estava quando houve a explosão.
Segundo a TAM, a fileira 7 estava ocupada por pessoas de uma mesma família, e Moura preferiu se acomodar mais para trás, em uma área praticamente vazia.
Moura havia subido a bordo na escala de São José dos Campos (SP). O vôo 283 partira de Vitória (ES), às 6h52, e tinha feito a única escala da viagem às 8h11.
No primeiro embarque, 30 passageiros foram a bordo. Em São José dos Campos, mais 25 pessoas embarcaram e nenhuma desceu.
No momento da explosão, havia cinco tripulantes no avião, além dos 55 passageiros. Um Fokker F-100 do modelo envolvido no incidente de ontem tem capacidade para 108 passageiros, dispostos em 22 fileiras de poltronas.
Segundo o piloto do vôo, Humberto Scarel, nada de diferente foi notado durante a primeira parte do trajeto ou na escala paulista.
Cerca de oito minutos depois da segunda decolagem, houve a explosão. Segundo sobreviventes, o barulho foi forte -alguns tiveram problemas nos tímpanos- e houve fumaça e cheiro de pólvora.
Despressurização
Naquele momento, os instrumentos da cabine indicaram despressurização no compartimento de carga, segundo a TAM.
O piloto disse que passou a agir como se fosse esse o problema, ignorando que tivesse havido uma explosão e que o avião tinha perdido parte da fuselagem.
"Não observei anormalidades. Achei que era só um vôo despressurizado. Cheguei a ouvir o barulho de uma explosão, mas não achei que o avião estava com aquele rombo", explicou Scarel.
Para o piloto, "poderia ter havido uma tragédia" se a explosão e consequente despressurização tivessem ocorrido em altitude mais elevada. Quando houve a explosão, o Fokker estava a 2.400 metros de altura e com velocidade entre 500 e 600 quilômetros por hora.
Numa altura superior, a diferença de pressão entre o interior do avião e o ambiente externo faria com que pessoas e coisas fossem sugadas para fora.
A despressurização foi a primeira hipótese levantada para explicar o fato de o empresário ter sido expelido do avião, mas, devido às características dos danos, foi praticamente descartada.
Às 8h45, o comandante pediu à torre do aeroporto de Congonhas para fazer um pouso de emergência, adotando o alarme 2 (situação de emergência intermediária). Às 9h03, o avião aterrissou.
Segundo a TAM, as turbinas não foram danificadas pela explosão e o pouso foi tranquilo.
O comandante Scarel, que disse ter 11 mil horas de vôo e 18 anos de experiência, se surpreendeu com o episódio. "Nunca passei por nada parecido antes", afirmou.
A TAM enfatizou que não houve abertura indevida de nenhuma porta da aeronave em vôo que pudesse ter gerado a despressurização e a morte do empresário.
Após o pouso em Congonhas, os passageiros que tiveram apenas ferimentos leves foram medicados no próprio serviço médico do aeroporto, como Eliana Oda, Oliveiros Mendes, Vitor Arcoverde, Iome Takitani e a comissária Luciana Crispim da Silva.
Os passageiros Eduardo Bello e Leonardo Castro foram encaminhados ao PS Municipal do Jabaquara, com lesões no tímpano.
A Polícia Civil de São Paulo sustenta que houve nove passageiros e um tripulante feridos.

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