São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Foram 15 minutos de pânico, choro e orações, dizem sobreviventes

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre oito e dez minutos após a decolagem de São José dos Campos, houve uma grande explosão. Segundo os passageiros, uma fumaça cinza e um forte cheiro de pólvora se espalharam pelo avião.
Naquele momento, alguns passageiros gritaram, mas o pânico foi controlado por uma das comissárias, Marta Oliveira, que os orientou a permanecer sentados com os cintos de segurança afivelados.
A comissária, que estava sentada na frente do avião, com a cadeira voltada para parte de trás -local da explosão-, pedia calma aos passageiros e transmitia a eles as mensagens do comandante.
Quando rezaram um Pai-Nosso, ela participou da oração.
Segundo o relato de passageiros, as pessoas que estavam mais próximas ao buraco formado pela explosão eram fortemente "sugadas" para fora e precisaram ser seguradas pelos outros passageiros.
Na parte traseira do avião, as máscaras de oxigênio caíram, mas o vento era tão forte que não permitia que os passageiros as colocassem. Na parte da frente, as máscaras não chegaram a cair. Eles afirmam que não sentiram dificuldade para respirar.
Uma das cenas que mais impressionaram a comerciante Amélia Rosa da Silva, 39, e sua filha, Kelly de Souza, 16, foi a de uma passageira de cabelos longos e lisos que estava perto do buraco.
"Com o vento, o cabelo chicoteava tanto que ela ficou com o rosto sangrando. E ela nem reclamava disso, mas de dor de ouvido", conta Amélia.
Nenhum dos sobreviventes ouvidos pela reportagem da Folha afirmou ter visto o momento em que um passageiro foi tragado para fora do avião. Eles só ficaram sabendo dessa morte por meio da imprensa, horas após o acidente.
Quando o avião finalmente pousou em Congonhas, os passageiros aplaudiam e choravam. "Ninguém esperava que fosse sair vivo", disse o comerciante Eloir Tavati Filho, que estava no vôo.
A comerciante Amélia e sua filha Kelly disseram ter ouvido funcionários da equipe de terra da TAM em Congonhas falando sobre uma ameaça de bomba que teria sido feita contra a empresa.
Segundo elas, eles teriam dito que, se fosse bomba, iriam fazer de tudo para abafar o caso.
Leia, a seguir, o depoimento de quatro pessoas do grupo de cinco comerciantes de Vila Velha (ES) que estavam viajando para participar de uma feira de serigrafia e sinalização em São Paulo.
Eles falaram à imprensa no início da tarde de ontem, no saguão do hotel em que estavam hospedados, no centro de São Paulo.

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