São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Pobreza não é única causa de abandono

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os seis últimos casos de abandono de recém-nascidos registrados na Grande São Paulo na última semana deixam uma pergunta no ar: o que pode levar uma mãe a chegar ao ponto de desistir de um filho e deixá-lo na rua?
Hoje, na Febem -Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor-, o número de crianças abandonadas e, portanto, passíveis de adoção, dobrou em relação a 96.
No ano passado, as abandonadas representavam 15% das crianças recolhidas pela instituição. Hoje, são 30%.
A reportagem da Folha conversou com jovens que estiveram muito próximas de abandonar ou abortar os bebês que esperam.
As mulheres entrevistadas citam o medo, a falta de amor, de estrutura familiar ou simplesmente o desespero como as causas que quase as levaram a abortar ou abandonar um filho.
A alagoana Maria José dos Santos Silva, 20, a baiana Joelma Aparecida Nogueira Moura, 22, e a carioca Luciana, 20 (que pediu para não ser identificada), pediram auxílio ao serviço social da entidade Amparo Maternal, na Vila Clementino (zona sudoeste de SP).
As três procuraram a entidade com a intenção de entregar os bebês, após o nascimento, aos cuidados de alguém. Hoje, aguardam o nascimento das crianças.
Outras mães não têm a mesma sorte. A desempregada Elisângela da Cunha Santana, 21, abortou recentemente aquele que seria o seu quarto filho em cinco anos.
Ela mora com a mãe, os filhos e cinco irmãos em um cômodo de um casarão invadido, em Campos Elíseos (centro de SP). Desesperada, ela pensa em entregar as crianças para uma entidade do Estado.

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