São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997 |
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Passageiros depredam estação de trem
ANDRÉ LOZANO
Os trens pararam de circular às 23h45 de anteontem, devido ao rompimento de dois cabos da rede elétrica entre Jaraguá e Perus. Revoltados com a demora do conserto e da chegada dos ônibus que fariam o transporte alternativo, os passageiros começaram a depredar a estação Pirituba, por volta da 1h30, segundo o livro de ocorrências da estação. Os cerca de 400 manifestantes quebraram dois relógios de parede, vidros, luminárias e uma porta de banheiro. A PM enviou 15 carros, 20 policiais do batalhão local e outros 60 do batalhão de choque. Os primeiros dois ônibus chegaram à estação Pirituba às 3h40. Nesse momento, o tumulto se intensificou. Na estação Perus, o primeiro ônibus chegou às 5h20 -quase seis horas depois da interrupção. Os trens voltaram a circular às 8h45 de ontem. Fita da "Rede Globo" mostra o momento da entrada dos passageiros nos ônibus. Dois homens foram retirados à força e depois agredidos por policiais militares. A PM afirma que os dois passageiros, homens, foram retirados do ônibus porque teriam infringido a regra de lotação dos veículos -mulheres e crianças deveriam entrar primeiro. Um dos homens agredidos, o estudante Fernando Gomes Repelli, 18, que aparece sendo arrastado pelos PMs na porta da frente de um ônibus, disse à Folha que foi retirado à força pelos policiais. Ele afirma que disse aos PMs que "não achava certo eles (os policiais) ficarem apontando o lança-bombas (provavelmente o lançador de gás lacrimogêneo) para as pessoas dentro do ônibus". "Depois que eu e o outro rapaz protestamos, os PMs entraram no ônibus, nos arrastaram e começaram a dar socos e a bater com cassetetes em nossas barrigas", disse. Repelli e o motorista Osmar Carvalho, 29, foram levados ao 87º DP, em Pirituba. Lá o delegado Rezende José de Bastos fez boletim de ocorrência de averiguação de desacato de autoridade, supostamente cometida por Repelli e Carvalho. Repelli diz que não fez exame de corpo de delito. O comandante do 3º Batalhão de Choque da PM, tenente-coronel Jairo Paes de Lyra, afirmou que mandou abrir sindicância para apurar as supostas agressões cometidas pelos policiais. O procurador geral de Justiça do Estado, Luiz Antonio Marrey, requisitou as fitas da Globo para apurar a responsabilidade dos policiais e dos passageiros. Texto Anterior: Unip divulga primeira lista de aprovados Próximo Texto: Mortos em cadeias do Rio são 18 em 4 meses Índice |
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