São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PM mantém decisão de ficar em quartéis

ARI CIPOLA

ARI CIPOLA; FÁBIA PRATES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Manifestantes argumentam que decisão vai evitar corrupção nas ruas por falta de dinheiro

FÁBIA PRATES
Os 8.200 homens da Polícia Militar de Alagoas decidiram ontem pelo aquartelamento, deixando os 101 municípios do Estado sem a presença de PMs nas ruas.
Os PMs alegam que, com seis folhas salariais em atraso, a situação da tropa é de fome. Dizem que o aquartelamento vai impedir que os policiais cometam crimes, como saques e assaltos, por exemplo.
Às 15h de hoje, os 1.100 policiais civis fazem assembléia para decidir se também paralisam suas atividades. Eles estão com sete meses de salários atrasados.
O comandante da PM, coronel João Evaristo dos Santos, afirmou que reconhece a situação de "miséria" da tropa e que não vai punir oficiais, cabos e soldados que se aquartelaram desde ontem.
A decisão pelo aquartelamento foi tomada depois de uma reunião entre as entidades que representam os PMs e o secretário de Fazenda, Roberto Longo, representante do governo federal no governo alagoano, que está sob intervenção "branca".
Enquanto os líderes dos PMs ouviam do secretário que não há recursos para fazer o pagamento dos salários atrasados, um grupo de dezenas de policiais protestava em frente ao prédio da secretaria.
Os PMs manifestantes estudavam invadir os prédios da secretaria e o Palácio dos Martírios, sede do governo do Estado, mais recuaram. Eles provocaram, porém, congestionamento no trânsito do centro da cidade. Pararam os ônibus e convocavam os PMs passageiros a engrossar a manifestação. Um motorista de ônibus não parou e um PM atirou uma pedra, que quebrou uma janela do veículo.
Os manifestantes saíram em passeata pelas ruas centrais de Maceió (AL). Eles se diziam com fome e pediam a renúncia ou o impeachment do governador Divaldo Suruagy (PMDB-AL).
Suruagy e o vice-governador Manoel Gomes de Barros (PTB) estavam ontem em Brasília, negociando recursos federais para tentar tirar o Estado da situação de caos administrativo, financeiro e político que já dura dois anos.
Para prestigiar a Assembléia Legislativa, Suruagy transmitiu o cargo na noite de anteontem para o deputado estadual João Neto (PSDB), presidente da casa, que fica até amanhã no comando do executivo estadual.
Anteontem começaram a tramitar mais dois pedidos de impeachment de Suruagy, acusado de ter cometido supostas fraudes na emissão de R$ 301,6 milhões em títulos para pagamentos de dívidas judiciais (precatórios).
Minas Gerais
Parte do reajuste concedido aos soldados, cabos, sargentos e subtenentes da PM (Polícia Militar) mineira incidirá também sobre os salários dos oficiais.
Segundo o assessor de Relações Trabalhistas da Secretaria de Administração, Orville Kupidlowski, todos os oficiais terão acréscimo de R$ 32,20. O aumento corresponde à atualização do valor do auxílio alimentação, que era de R$ 82,80, antes do protesto da PM.
A atualização significará aumento de 1% a 3% nos salários dos oficiais, segundo Kupidlowski. O valor do salário dos oficiais não é divulgado. Será o segundo aumento dos oficiais da PM neste ano. No mês de maio, eles tiveram reajuste médio de 14,99%.
O relações-públicas do Comando-geral da PM, major Rômulo Berbert Diniz, disse à Agência Folha anteontem que não sabia de novos aumentos para os oficiais. Procurado ontem para falar sobre o acréscimo do auxílio alimentação, ele não foi encontrado.

Texto Anterior: Polícia faz reconstituição de chacina no MA
Próximo Texto: Bahia marca paralisação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.