São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Proposta vencedora tem tarifa mais alta

LUCAS FIGUEIREDO; FRANCISCO CÂMPERA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta vencedora da concessão da banda B (telefonia celular privada) da região metropolitana de São Paulo tem as tarifas mais altas, em média, entre os sete concorrentes.
Mesmo assim, os preços máximos anunciados pelo consórcio vencedor, o BCP, estão abaixo dos praticados atualmente pela Telesp.
O consórcio BCP (formado pelas empresas BellSouth, Splice, Oesp e Safra) se comprometeu a cobrar, no máximo, R$ 230 pela habilitação do celular e R$ 27 pela assinatura mensal, sendo que a Telesp cobra R$ 338,98 e R$ 37,31 pelos mesmos serviços.
Nas demais tarifas (chamada para telefone móvel, interurbanos, recebimento de chamadas com o aparelho fora da área de serviço etc.), o BCP apresentou proposta de preços semelhantes aos praticados atualmente pela Telesp.
Mesmo com tabela de preços mais elevada que a dos concorrentes, o consórcio ganhador obteve melhor pontuação ao fazer a melhor oferta pela concessão -R$ 2,647 bilhões, 341% acima do preço mínimo de R$ 600 milhões.
"As tarifas apresentadas são os valores máximos, mas nós poderemos abaixar esses preços em razão da concorrência", disse Carlos Alberto Vieira, presidente do banco Safra, um dos participantes do consórcio.
Segundo Vieira, a proposta do BCP tinha as maiores tarifas em razão da necessidade de se obter retorno do investimento referente ao montante oferecido pela concessão (R$ 2,647 bilhões).
"Loucura"
A oferta elevada pela concessão foi a responsável pela vitória do BCP. A proposta é 341% maior que o preço mínimo estipulado pelo Ministério das Comunicações (R$ 600 milhões) e 62% mais elevada que a segunda melhor oferta (R$ 1,632 bilhão).
"Essa é uma das maiores quantias pagas por uma concessão no mundo", afirmou o presidente do banco Safra.
"Isso é loucura. O BCP pagou pelo ar o valor do patrimônio da Telesp celular", comentou Raoul Hanel, consultor técnico do consórcio Telet, que ficou em quarto lugar na disputa.
Lista de espera
Peon afirmou que a região metropolitana de São Paulo ainda tem uma baixa penetração do serviço celular, uma lista de espera enorme e uma das maiores densidades demográficas do mundo.
"Os latino-americanos gostam de falar no celular mais que os norte-americanos", disse ele.
O Fistel usará recursos pagos pela concessão para fiscalizar o setor, sendo o restante destinado à montagem da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações, o órgão regulador da área) e ao Tesouro.
Na abertura das propostas, a comissão julgadora cometeu um erro e desclassificou o consórcio GFTT pelo não-preenchimento de um quesito.
Depois de divulgado o vencedor, a comissão voltou atrás e reincorporou o GFTT à disputa. O consórcio ficou em último lugar entre os sete concorrentes.
Os consórcios terão prazo de cinco dias para recorrer da decisão do Ministério das Comunicações no âmbito administrativo. Até ontem, nenhum deles havia se manifestado.
(LUCAS FIGUEIREDO e FRANCISCO CÂMPERA)

Texto Anterior: Estados vão cobrar liberação de fundo
Próximo Texto: Governo espera obter R$ 6 bi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.