São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Advogado de Tyson culpa a imprensa

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

A defesa de Mike Tyson responsabilizou a pressão da mídia norte-americana pela pena que o pugilista recebeu ontem, em Nevada.
"Estou envergonhado pelo que aconteceu", afirmou Oscar Goodman, advogado do ex-campeão, logo após o julgamento. "A comissão optou por seguir as penalidades que a imprensa pedia, que eram injustas e irrealistas."
Goodman, que advoga em Nevada há 32 anos, afirmou que se orgulhava das decisões no Estado porque eram independentes.
"Em Las Vegas, sempre faziam as coisas certas, sem ficar preocupados com o que os outros iriam pensar. Agora, foi diferente. A mídia condenou Mike Tyson, e a comissão foi atrás."
Elias Ghanem, um dos cinco membros da comissão com direito a voto, rebateu os comentários da defesa de Tyson.
"Ninguém pode dizer que estávamos pré-determinados a uma decisão, qualquer que fosse ela", defendeu-se Ghanem, o presidente da Comissão Atlética de Nevada.
"Fizemos o que achamos melhor, independentemente do que a imprensa pensava."
Tyson não apareceu ao julgamento, mas, segundo Ghanem, isso não chegou a prejudicá-lo.
"Não pedimos que ele viesse aqui", afirmou, lembrando que, dois dias depois da desclassificação contra Holyfield, ele chegou a pedir desculpas públicas.
No momento da audiência, Tyson estava em Nova York.
Segundo funcionários do Aeroporto Kennedy de Nova York, Tyson chegou à cidade às 6h, em um vôo procedente de Las Vegas.
Autêntico cavalheiro
Na abertura do processo, o advogado de Tyson fez diversos elogios ao comportamento de seu cliente.
"Ele era e continua sendo um cavalheiro", chegou a dizer. "Sempre que perdia uma luta, fazia questão de apertar, logo em seguida, as mãos de seu oponente."
O advogado lembrou ainda casos de indisciplina em outros esportes. Goodman citou, por exemplo, o episódio em que o polêmico jogador Dennis Rodman, em uma partida de basquete da NBA, a liga profissional dos EUA, agrediu um cinegrafista.
No caso do futebol americano, comentou que há casos em que atletas chegam a aleijar seus adversários sem que nada lhes aconteça.
A promotoria rebateu os comentários do advogado de Tyson dizendo que a comissão estava lá para julgar boxe, não esportes como basquete ou futebol americano, sobre os quais não tem autoridade.
No ano que vem, os advogados do ex-campeão mundial irão entrar com um pedido para que ele tenha sua licença para lutar em Nevada devolvida.
"Como não a tiraram pela vida inteira, acredito que estão pensando em dar-lhe uma nova licença daqui a um ano", disse Goodman.
Até lá, porém, propostas para que o pugilista lute no exterior começam a surgir.
Agora, o empresário Donald Trump deve sentar à mesa com o promotor Don King e representantes de Tyson para tentar viabilizar seus combates fora dos EUA.
Para lutar no exterior, Tyson, condenado sob acusação de estupro e ainda cumprindo pena, apesar de estar em liberdade condicional, precisa ter autorização judicial para deixar o país.
Um país que não está interessado em receber Tyson é o Japão. "Falamos com autoridades japonesas, e elas disseram que respeitarão nossa decisão", diz Luther Mack, membro da Comissão de Nevada.

Com agências internacionais

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