São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 1997
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Festival de Avignon começa de olho no próximo milênio

RICARDO FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Começa hoje a 51ª edição do Festival de Avignon, na França, reconhecido como um dos mais importantes eventos de teatro e dança do velho continente.
Avignon não se destaca tanto por sua programação, sempre voltada aos valores já reconhecidos no mercado, mas por sua organização e oportunidade de negócios.
Durante um mês, a cidade no sul da França se transforma em uma grande feira onde produtores e diretores de festivais de todo o mundo trocam informações e pautam suas programações para o próximo ano.
Nesta edição, a direção tenta estabelecer novos critérios, buscando mostrar o que seria o teatro no próximo milênio.
O discurso oficial dos organizadores é inovador, mas não corresponde à realidade, pois os espetáculos desta edição continuam sendo aqueles que não permitem controvérsias.
A programação engloba Philippe Genty, Hanna Schygulla e a mais nova coreografia de Angelin Prejlocaj, o que garante a certeza do sucesso.
Russos
Prometendo surpresas, o diretor do festival Bernard Faivre d'Arcier aponta como atração o "pacote" de apresentações de teatro russo. Segundo d'Arcier, "além de nos darem a tradição do teatro ocidental, os russos nos mostram agora os novos caminhos das artes cênicas para os tão anunciados novos tempos".
Os novos diretores russos citados pelo diretor começaram a se destacar nos anos 90, em meio às mudanças pelas quais passou o país.
O atelier de Piotr Fomenko, uma das principais escolas dessa nova safra, apresenta quatro espetáculos diferentes, em que o elenco é o mesmo e os diretores se alternam. O principal destaque dessa programação é Anatoli Vassiliev, que já dirigiu montagens na Comédie Française e na Ópera de Weimar e estréia em Avignon um espetáculo baseado no livro bíblico "Jeremias" e sua versão de "Amphitrion", de Molière.
As peças de Vassiliev são conhecidas principalmente pela cenografia -Igor Popov é o seu inseparável cenógrafo- e pela preparação quase perfeita dos atores.
Outra "certeza" do festival, apontado por diversas publicações como o grande destaque de Avignon 97, é o grupo Théâtre Zingaro -teatro cigano em francês.
Os atores do grupo, que são exímios cavaleiros, bailarinos e cantores, misturam tradições de vários países em suas apresentações sempre concorridas.
Eles estréiam no festival o novo espetáculo "Eclipse", em que cantos e danças ciganas são mesclados a rituais religiosos coreanos.
O espetáculo não possui nenhuma cor além do branco e do preto. É construído somente com luzes e sombras.
Além do festival oficial, Avignon também é sede de evento paralelo, chamado "Avignon sur Festival", que envolve mais de 50 grupos europeus, que se apresentam em pequenos teatros, ateliês da cidade e nas ruas.
Tradicionalmente, é dessa programação que costumam surgir as verdadeiras surpresas.

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