São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 1997
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'HQ era séria', diz criador dos MIBs

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

A inspiração para o filme "Homens de Preto" foi um livro de história em quadrinhos com o mesmo nome publicado há oito anos nos Estados Unidos.
Se você nunca tinha ouvido falar no livro, não tem problema. Talvez se lembre, caso passasse as noites de sábado dos anos 70 à frente da TV, de um seriado chamado "Kolchak e os Demônios da Noite", sobre um repórter que combatia sozinho seres de outro mundo.
Lowell Cunningham, 38, o autor da história em quadrinhos que inspirou o filme, definiu-se como parte da "geração Kolchak". "A idéia de escrever sobre os homens de preto veio de filmes assim, no estilo do do Kolchak."
Formado em filosofia pela Universidade do Tennessee, Cunningham sempre sonhou em ser escritor. "Fiz de tudo um pouco, trabalhei até como segurança para levar meu sonho adiante", contou.
Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista à Folha.
*
Folha - Como é para você ter inspirado um filme que se tornou o grande sucesso do verão norte-americano? Algum dia você esperava conseguir tanto reconhecimento pelo seu trabalho?
Lowell Cunningham - Foi estranho. Acho que todo mundo sonha em ser famoso, em ter reconhecimento. É difícil dizer, mas a impressão que tenho é de que foi fácil. Enquanto não conseguia, parecia só um sonho inatingível, mas depois fica parecendo fácil.
Sabe qual a impressão que dá? Que qualquer um poderia ter escrito o que eu fiz, não sei porque não escreveram antes. Dei sorte.
Folha - O que mudou na sua vida depois do filme?
Cunningham - Ainda não deu para sentir tanto. O que mais mudou, mas isto já faz quase cinco anos, quando negociei os direitos da minha história, foi a parte financeira. Com certeza melhorou bem.
Folha - Quanto você ganhou com essa brincadeira?
Cunningham - Não gosto de falar em números.
Folha - Mais de US$ 1 milhão?
Cunningham - Menos, mas o suficiente para que eu possa me dedicar a meus projetos, escrever com mais calma, sem ter de fazer bicos, ficar preocupado com as contas do mês.
Folha - Você acredita em seres de outros planetas?
Cunningham - Apesar de nunca ter visto um ET, não deixo de acreditar que eles possam existir. O universo é tão grande, por que só aqui há vida? É muita pretensão do ser humano, você não acha?
Folha - Na sua infância e adolescência, você sempre foi um viciado por ficção científica?
Cunningham - Não exatamente. Era uma coisa que me interessava, não posso negar, mas não era louco por ficção, no sentido de que não fizesse outra coisa na vida.
Gostava de ver seriados na TV, como "Terra de Gigantes", "Viagem ao Fundo do Mar" e "Kolchak", que teve várias histórias que me inspiraram muito.
Folha - Sua história em quadrinhos estará agora de volta às bancas. Já definiram quantos exemplares serão impressos?
Cunningham - Vamos começar com 20 mil. Dependendo do mercado, partimos para outros 20 mil.
Folha - E o filme, qual foi sua impressão sobre o trabalho realizado? Você gostou realmente ou teria feito, se fosse o diretor, alguma coisa diferente?
Cunningham - Eu gostei, não estou dizendo isto por ser a parte interessada. Mesmo o filme sendo diferente da história em quadrinhos, que era uma coisa mais séria, não era para ser uma comédia.
Mas eu achei as tiradas inteligentes, foi uma comédia leve e profunda ao mesmo tempo. É uma coisa que faz o público rir e pensar. É um filme inteligente e tem minha aprovação.

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