São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Caixa-preta pode esclarecer se piloto sabia de rombo

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Aeronáutica já tem as duas caixas-pretas do Fokker-100 da TAM que sofreu uma explosão no ar durante o vôo São José dos Campos-São Paulo, na última quarta-feira, no qual morreu o engenheiro Fernando Caldeira de Moura, 38.
Segundo o tenente-coronel Juan Enrique Vergara Canto, chefe do Serviço Regional de Aviação Civil (Serac-4), instalado no aeroporto de Congonhas, que participa das investigações do caso, o barulho da explosão pode estar registrado numa das caixas-pretas, a FDR (Flight Data Recorder), que registra o comportamento da aeronave durante o vôo.
Vergara explicou, entretanto, que a fita mais importante é a da outra caixa-preta, o CVR (Cockpit Voice Recorder), que registra toda a comunicação entre piloto e a torre do aeroporto de Congonhas, além dos diálogos entre o comandante e o restante da tripulação.
Os diálogos registrados pelo CVR podem mostrar que o piloto sabia do rombo no avião.
No CVR, deve estar registrado se houve, ou não, comunicação da tripulação para o piloto do avião, informando sobre o rombo aberto na aeronave pela explosão.
O comandante do vôo 283 da TAM, Humberto Angel Scorel, diz não ter recebido da tripulação a informação da explosão, apenas uma informação de que havia despressurização da aeronave.
Segundo Scorel, essa teria sido a razão pela qual a aeronave teria seguido para Congonhas (na zona sudoeste de São Paulo), quando, segundo especialistas, poderia ter pousado no aeroporto de Guarulhos (município a leste de São Paulo), mais perto de Suzano, cidade que era sobrevoada quando ocorreu a explosão.
Erro
Vergara classifica como "estranha" a versão de que o piloto não foi informado da explosão pelos comissários.
"Dentro do que está previsto pelos procedimentos que devem ser tomados em situações emergenciais, não deixa de ser um erro."
O chefe do Serac-4 diz, porém, que o procedimento de pouso adotado por Scorel foi correto. "Talvez, uma curva à direita (sentido Cumbica, em Guarulhos) fosse fatal para a estrutura da aeronave."
Vergara acredita que saber da explosão poderia ser insignificante para o comandante do avião. "Ele já deveria estar em linha reta para Congonhas. Um desvio poderia piorar tudo."
Falta ouvir
Segundo Vergara, as fitas ainda não foram ouvidas pela Aeronáutica. "Já estamos em contato com laboratórios brasileiros e decidiremos nos próximos três ou quatro dias para onde as fitas irão."
Vergara diz que os diálogos poderão ser transcritos em São José dos Campos (Embraer) ou no laboratório de alguma companhia aérea privada brasileira.
O chefe do Serac-4 não quis estabelecer um prazo para a divulgação do conteúdo das fitas.

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