São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997 |
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Uê avisa que mais presos vão morrer
SERGIO TORRES
Uê está há três dias trancafiado em uma cela do presídio Bangu 1, considerado de segurança máxima pelo governo estadual. A proibição de deixar a cela é um castigo imposto a Uê, que, na terça-feira, teria participado da morte de Ozéas Gonzaga de Souza, o Mau-Mau, e da tentativa de homicídio contra Altair Domingos Ramos, o Nai. O advogado visitou Uê de manhã. Ao sair, ele disse à Folha que o CV continuará a matança contra inimigos das facções TC (Terceiro Comando), CVJ (Comando Vermelho Jovem) e TCJ (Terceiro Comando Jovem). "Mais mortes ocorrerão. Todos dentro do sistema correm perigo de vida", afirmou Sagrillo. Seis assassinatos Durante a semana, seis presidiários foram assassinados no Rio. Três ficaram feridos. Desde março, teriam ocorrido 18 mortes nas penitenciárias do Rio de Janeiro. Segundo o advogado de Uê, só existe uma hipótese de a matança ser interrompida: que o Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) separe os presos de acordo com a facção a que cada um pertence. "O governador Marcello Alencar (PSDB) e o secretário Jorge Loretti (Justiça) insistem que não há facções, que os presos se matam por brigas pessoais", afirmou o advogado. "Não é verdade. As facções existem há 20 anos. É por causa delas que as mortes estão ocorrendo", disse ele. Sagrillo falou ontem, por telefone, com o secretário Loretti, a quem transmitiu o alerta dado por Uê. À tarde, a Secretaria de Justiça informou que "transferências de rotina" estão ocorrendo no sistema penitenciário. Aliados Uê ocupa a galeria D de Bangu 1. No início da semana, havia 12 presos na galeria. Mau-Mau morreu. Nai está hospitalizado. Sobraram dez presos. Na galeria, são aliados de Uê os presidiários Sérgio Mendonça (Ratazana), Dênis Leandro (Dênis da Rocinha), Celso Luís Rodrigues (Celsinho) e os irmãos José Carlos (Escadinha) e Paulo dos Reis Encina (Paulo Maluco). Ontem de manhã circulou no presídio o boato de que Uê havia sido assassinado. Escadinha teria sido ferido. O advogado foi ao presídio constatar a veracidade da informação. Sagrillo chegou a ser barrado na entrada, o que aumentou a suspeita de que algo estranho acontecia no presídio. O advogado acabou entrando. Na saída, disse que Uê e Escadinha estavam bem, mas de castigo na cela. Sagrillo afirmou que não houve tumulto ontem em Bangu 1. Uma vistoria de agentes do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) -órgão do governo estadual encarregado de administrar o sistema penitenciário- em Bangu 1 não encontrou armas, drogas nem celulares, segundo a Secretaria de Justiça. Texto Anterior: Estudante é achada morta em escritório Próximo Texto: Jovens são acusados de sequestrar garotas Índice |
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