São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Ásia sofre novo ataque especulativo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Menos de duas semanas após a crise cambial da Tailândia, mais dois países do Sudeste Asiático foram obrigados ontem a fazer desvalorizações, num efeito dominó causado por seguidos ataques especulativos contra moedas de países emergentes da região.
As Filipinas e a Indonésia, após tentarem defender a cotação de suas moedas, anunciaram medidas que permitem flutuação mais livre de suas moedas, o que, na prática, significa desvalorização.
Ataque especulativo é a ação conjunta de investidores internacionais que, diante de moedas supostamente sobrevalorizadas, empreendem uma fuga de capitais. Ou seja, eles se desfazem de suas posições em moedas locais e compram moedas fortes.
Um ataque especulativo é vitorioso quando a aposta do mercado contra a moeda é maior do que a capacidade do governo de defendê-la, o que é feito por meio de compra da moeda em questão.
Foi o que aconteceu ontem com as Filipinas e a Indonésia. Foi o que aconteceu na Tailândia no início do mês. E é o que deverá acontecer em breve com a Malásia, que, segundo analistas, enfrenta o mesmo tipo de problema.
Peso desvalorizado
O governo filipino optou por deixar flutuar o peso em relação ao dólar para combater ataques especulativos contra a moeda nacional. O Banco Central filipino tomou a medida depois que a cotação do peso caiu 11,6% frente ao dólar ontem pela manhã.
Durante o dia, a moeda filipina se recuperou parcialmente, fechando com depreciação de 6,4%.
A Bolsa de Manila, capital do país, deu voto de confiança ao governo: o índice subiu 7,56%. O FMI (Fundo Monetário Internacional) e líderes empresariais filipinos também aprovaram a medida.
O presidente das Filipinas, Fidel Ramos, declarou que a decisão "reafirma o compromisso do governo de fazer o que for necessário para apoiar o crescimento econômico, controlar a inflação e gerar empregos, por meio, entre outras medidas, da proteção de nossas reservas internacionais".
A desvalorização do peso filipino sacudiu os mercados dos demais países da região.
Rupia flutua
Na Indonésia, o governo ampliou para 12% a banda cambial dentro da qual a moeda nacional, a rupia, pode flutuar em relação ao dólar. Desde setembro do ano passado, a variação máxima prevista era de 8%.
Como resultado, a rupia chegou a sofrer queda de 0,6% em relação ao dólar.
Na prática, o Banco da Indonésia tentou dizer ao mercado que a rupia pode cair até 10%. Só a partir desse limite é que o governo pretende intervir.
O baht tailandês, que sofreu desvalorização em torno de 20% dia 2, voltou a cair: foi cotado a 30,30 por dólar (29,01 na quinta-feira).
Na mira
Analistas prevêem que a próxima moeda a sofrer o ataque dos especuladores é o ringgit da Malásia.
O banco central malasiano já indicou que vai intervir se a cotação em relação ao dólar for a 2,5 ringgits. Segundo analistas, a Malásia não deve efetuar uma grande desvalorização, porque uma moeda forte é importante para reduzir os custos de importação do país.

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