São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Pedro, o czar que caçou o tempo

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Recuperar um lugar no bonde da história é muito mais difícil do que manter um assento permanente durante o percurso.
Depende de capacidade estratégica, de coragem para ousar e humildade para aprender com as histórias de sucesso dos outros.
Poucas nações que bobearam no ponto e perderam alguma das viagens rumo ao desenvolvimento tecnológico e econômico, que ocorrem de tempos em tempos, tiveram capacidade de tomar o bonde antes que fosse tarde demais.
Uma delas foi a Rússia do czar Pedro I (1672-1725). País de grandes áreas desertas e compulsão para o isolamento e a auto-suficiência, o império russo viveu durante o reinado de Pedro, o Grande, um dos raros momentos de integração mundial de sua história.
Com um espírito desenvolvimentista, Pedro, o Grande, foi capaz de criar, em 20 anos, as bases institucionais que transformaram a Rússia agrária em uma das maiores potências econômicas do período.
Um século em 20 anos Uma de suas frases marca bem esse caráter desenvolvimentista: "Estou a cem anos do Ocidente. Se eu fizer cinco anos em um, dentro de 20 anos terei percorrido um século" (seria ele a inspiração para Juscelino Kubitscheck?).
A partir da fundação de São Petersburgo, que se tornaria um centro de excelência do novo poder, o czar operou uma série de transformações no sistema educacional, na Igreja Ortodoxa e na aristocracia russa, sempre de olho nas mudanças que ocorriam na Europa Ocidental por causa do Renascimento e da Reforma.
Luiz Fernando da Silva Pinto, autor de "Pedro, o Grande, o caçador do tempo", considera que as transformações promovidas pelo czar russo há 200 anos ainda são um bom manancial de inspiração para empresas, instituições e governos.
Com prefácio de Roberto Campos, o livro disseca as estratégias adotadas pelo czar para mudar o ambiente cultural e institucional russo e narra a rapidez com que o país foi preparado para os novos tempos.
"Pedro, o Grande" é leitura ideal para os tempos de globalização, onde a história já não vem de bonde, mas de avião.

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