São Paulo, sábado, 12 de julho de 1997
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Memórias

JUCA KFOURI

A história é senpre escrita pelos vencedores, e Zagallo a conta a seu modo, é claro.
Mas há outros vencedores que têm visões diferentes. Duas delas me foram entregues pelo narrador do SBT Sílvio Luís.
Uma está na livro "Rei Dadá Maravilha", depoimento de Dario à posteridade.
No capítulo sobre 1970, o ex-jogador conta que "o povo queria Dadá na seleção. No entanto, assim não entendia João Saldanha e Dadá quase fica na saudade. Foi preciso um capricho presidencial ou ditatorial para que aquela justiça se consumasse".
Dario rememora a partida que fez pela seleção mineira contra as "feras de Saldanha" que se preparavam para a Copa. "Dei a maior canseira na defesa do Brasil e ainda marquei os dois lindos gols da nossa vitória de 2 a 1."
"O então presidente Médici também viu e questionou por que Dadá não estava na seleção." E continua. "Homem de muita personalidade, ele (João Saldanha) tentou resistir às pressões."
Então Dario reproduz a famosa frase de Saldanha. "'O presidente escala o ministério, e eu escalo a seleção" foi a frase mais inoportuna que João Saldanha poderia ter dito naquele período de ditadura. O general acabou intimando. "Saldanha caía e assumia Zagallo, que, imediatamente convocou Dadá, para a felicidade geral..."
Outra visão está no livro "Memórias de Mário Américo, O Massagista dos Reis".
O eterno massagista de tantas seleções brasileiras expõe sua visão sobre Zagallo.
"Zagallo tem que ser mostrado sob dois ângulos: o jogador e o técnico. Foi talvez o que menos apareceu em 58, apesar de que seu trabalho -aquele ir-e-voltar- ajudou muito. Sobraram-lhe coragem e dedicação..."
"Já como técnico... seria muito melhor se tivesse mais personalidade.(...) Da Copa do México pouco há a falar no que diz respeito a ele, porque encontrou quase tudo pronto e quem mandou no time foram o Gérson e o Pelé. Na Alemanha, seu trabalho foi desastroso. Começa que se deixou dominar pelos dirigentes, pelo Chirol, por todo mundo e perdeu a autoridade.(...) Não foi o ele o único culpado pelo fracasso, mas sem dúvida foi um dos grandes culpados."
Sobre Saldanha, Mário Américo é enfático. "Faço questão de afirmar que o grande estruturador que nos levou à conquista da Copa 70, foi João Saldanha."

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