São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Crescem casos de Aids no interior de SP

CIBELE BARBOSA
DA FOLHA RIBEIRÃO

O crescimento do número de mulheres com Aids assusta os especialistas em São Carlos (244 km de SP). Em 88, apenas um caso foi registrado. No ano passado, houve 24 registros.
Segundo a coordenadora da equipe do Departamento de Enfermagem da UFSCar, Elisete Silva Pedrazzani, para cada homem doente, já existem hoje duas mulheres contaminadas.
"Em 88, essa proporção era de dez mulheres para cada homem."
A DIR (Divisão Regional de Saúde) de Araraquara, que abrange também a região de São Carlos, registra a mesma proporção.
Em Ribeirão Preto, o índice registrado é de três casos femininos para cada um masculino, segundo a coordenadora do programa de DST-Aids da DIR, Josely Pintya.
Já a média no Estado de São Paulo, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, é de quatro mulheres doentes para cada homem.
O aumento da contaminação de mulheres está gerando o "efeito cascata" sobre as crianças recém-nascidas, que adquirem o vírus no parto ou durante a amamentação.
A relação sexual é a principal forma de contágio da Aids entre as mulheres na região de São Carlos.
Drogas
Entre os homens, a principal forma de contaminação é pelo uso de drogas.
A droga injetável também é o principal fator de transmissão entre as mulheres da região de Ribeirão. O índice representa 18%.
Em São Carlos, a maioria das mulheres que se contaminaram com o HIV é casada, de acordo com a pesquisa da UFSCar.
"Isso pode significar que o homem está se prevenindo menos na relação extraconjugal e não se previne com a mulher", disse Elisete.
Para o presidente do Gapa (Grupo de Apoio à Prevenção à Aids) de Ribeirão Preto, Marcelo de Barros Fernandes, a mulher casada é a grande vítima da epidemia.
"É uma situação difícil para a mulher, que não consegue negociar o uso do preservativo com o homem com quem é casada."
I.M.B., 35, disse que adquiriu Aids por relação sexual. Ela diz acreditar que foi contaminada pelo parceiro, com quem viveu por cerca de três anos. "Ele já morreu", afirmou I. à Folha.

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