São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Executivos cruzam o Equador em nova onda imigratória

Ministério concedeu 860 autorizações este ano

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre janeiro e junho deste ano, 860 diretores de empresas e investidores conseguiram autorização para trabalhar no Brasil, segundo estimativa feita pelo Ministério do Trabalho.
Esse número -semelhante ao registrado em todo o ano de 1994- reflete a mudança no perfil profissional dos estrangeiros que estão chegando ao Brasil. São relativamente poucos os casos de profissionais sem especialização, como ocorria com frequência no passado, e aumenta o número de dirigentes de empresas, pesquisadores e técnicos de alto nível.
"Poucos países reúnem todos os atrativos para investidores internacionais que o Brasil oferece, como um mercado em crescimento", afirma Léo Cinelli, coordenador-geral de imigração do Ministério do Trabalho.
Muitos estrangeiros estão vindo para trabalhar no mercado financeiro, com o aumento da participação de bancos estrangeiros no país, como a compra do Banco Bamerindus pelo HSBC há três meses, por exemplo.
Aumentou também o número de instituições financeiras do exterior com escritórios de representação no país. A assessoria de imprensa do Banco Central informa que atualmente são 175 escritórios de representação.
Telecomunicações
Essa tendência de entrada de maior número de estrangeiros para trabalhar no mercado brasileiro deverá não apenas se fixar como se acentuar nos próximos anos, mantido o atual cenário político e econômico do país, segundo os especialistas das empresas de recursos humanos.
Com as mudanças recentes na economia brasileira e o aumento nos investimentos de empresas estrangeiras no país, mais profissionais de áreas como telecomunicações e informática devem ser enviados ao Brasil.
Só a operação dos serviços de telefonia celular por grupos privados, desencadeada na semana passada, deverá criar cerca de 8 mil empregos diretos e mais 25 mil indiretos, muitos requerendo um alto grau de especialização.
No Brasil, não existiriam técnicos e engenheiros com a formação necessária para atender a essa demanda, afirma Marcelo Mariaca, sócio de uma empresa especializada em seleção e colocação de executivos.
Por isso, ele prevê que vai ocorrer no mercado brasileiro algo semelhante ao que aconteceu na Argentina, quando as empresas de telefonia foram privatizadas. Nos meses seguintes à desestatização na Argentina, aumentou muito a entrada de técnicos e administradores especializados nessa área.
Outro setor que já está provocando um maior ingresso de estrangeiros é o automobilístico, em que estão sendo tocados cerca de 15 novos projetos, nos cálculos de Mariaca. Ele é americano de nascimento e acabou trocando os Estados Unidos pelo Brasil na década de 70, quando veio trabalhar para um banco estrangeiro.
Nas universidades, a contratação de professores estrangeiros também aumentou, mas em ritmo bem mais lento.

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