São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Mão-de-obra cara afugenta indústrias

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O alto poder aquisitivo da região do ABCD, que tem atraído shopping centers e hipermercados, é, por outro lado, o principal responsável pela saída de indústrias da região.
Apesar de ainda ter no setor automobilístico sua principal força econômica, o ABCD tem sofrido com a escassez de novos investimentos e com o crescimento do desemprego.
Entre as razões apontadas pelos empresários como componentes do "custo ABC", destacam-se duas: o alto valor da mão-de-obra e a pressão do movimento sindical.
"Em alguns momentos, o custo social de se produzir no ABCD acaba deixando as indústrias em um beco sem saída. Muitas preferem então procurar outras regiões", afirma Guilherme Whitaker Penteado, diretor de Comunicação da Philips.
No mês passado, a empresa anunciou a demissão de 300 trabalhadores de sua unidade em Ribeirão Pires e a transferência de duas linhas de produção (de resistores e capacitores) para Recife (PE), onde os salários serão mais baixos.
"Para nosso cliente em Manaus ou nos EUA, não interessa se o salário alto está criando um mercado consumidor forte no ABCD. É preferível transferir a produção para outros locais a fechar a fábrica", declarou.
No início de julho, outra empresa, a CBC (empresa química também com sede em Ribeirão Pires), anunciou a demissão de 140 funcionários, por causa dos "elevados encargos sociais".
Segundo dados do governo do Estado, os setores de prestação de serviços e de comércio já ocupam hoje o primeiro lugar entre os empregadores na região: 51% do total. A indústria é responsável por 35% dos empregados.
Até o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, uma das principais bases políticas da CUT, decidiu recentemente priorizar a negociação em detrimento das greves, como medida para estancar a saída de indústrias.
Desde o início da década, a categoria foi reduzida de 200 mil para 120 mil trabalhadores, por causa da fuga de indústrias e da reestruturação produtiva.
(FZ)

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