São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Empresário de atleta é bom negociador

DANIEL DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

É preciso, acima de qualquer coisa, ser um excelente negociador para se dar bem como empresário e/ou procurador de atleta.
Diferentemente de outras profissões que priorizam a formação universitária, nessa função só é preciso saber vender -e bem- o produto (atleta) e sua imagem.
Murillo Macedo Filho, 40, empresário do piloto de Indy Lights Tony Kanaan, diz que a formação ajuda, mas o talento fala mais alto.
"É preciso estar envolvido no meio, conhecer pessoas, ter boa apresentação e saber negociar", diz Macedo Filho, administrador com pós-graduação nos EUA.
Fechar contratos, no entanto, é apenas uma das funções desses profissionais. Uma outra regra que impera no meio é a da atenção à vida pessoal do atleta ou, em outras palavras, à imagem dele.
Trabalho de "babysitter"
Djan Madruga, 38, ex-nadador e empresário do nadador Gustavo Borges, afirma que, às vezes, vincular a logomarca do patrocinador à imagem do atleta traz um pouco de dor-de-cabeça.
"Alguém precisa estar sempre lembrando ao atleta que ele tem de mostrar seus patrocinadores quando está em lugares públicos."
Ainda nesse quesito, estão tarefas como cuidar das viagens, do condicionamento físico, dos investimentos financeiros e dos tratamentos de saúde. "É um verdadeiro trabalho de 'babysitter'."
Luiz Augusto Lia Braga, 29, que cuida de jogadores Muller (Santos) e Túlio (Vitória), também acha que frequentemente é preciso fazer o papel de pai.
"Vinha aconselhando e incentivando o Túlio a comparecer aos treinos do clube até que a situação dele estivesse resolvida."
Recompensa alta
Traçar uma média salarial para a profissão é praticamente impossível: não existem regras nos contratos com clubes ou patrocinadores.
No Brasil, empresários e procuradores de atletas recebem comissões que vão de 5% a 20% sobre os valores acertados nos contratos.
Segundo Madruga, os nadadores chegam a receber de R$ 100 a R$ 40 mil em negociações com patrocinadores. Já no futebol, a remuneração atinge cifras bem mais altas.
Américo Zanella, empresário de Adílson "Maguila" Rodrigues, diz que, em seu caso, o retorno depende do desempenho do atleta em cada luta. "Quando ele perde, é como partir do zero."
Resultado da terceirização
O consultor Simon Franco, 57, especialista na área de RH (recursos humanos), associa o crescimento desse tipo de atividade profissional à tendência de terceirização dos serviços.
"Cada vez mais, o atleta se preocupará em mostrar sua especialidade, o talento, enquanto outras pessoas se encarregarão de manter sua imagem e seus negócios."
Outro fator que colabora para a evidência dessa atividade é a profissionalização do esporte.
"A figura do agente esportivo está muito ligada a isso", opina José Medalha, 52, que é professor de dimensões econômicas e administração do esporte na USP (Universidade de São Paulo).
Atualmente, segundo André Gustavo Richer, 66, vice-presidente e secretário do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), o futebol é o único esporte profissionalmente reconhecido no país.

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