São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Seleção se arma com 'gigante de vidro'

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Bas van de Goor, 2,09 m (Holanda), Paviel Pimienta, 2,10 m (Cuba), Alexei Kazakov, 2,17 m, e Stanislav Dineikine, 2,16 m (Rússia). Esses são alguns dos gigantes que hoje dominam o vôlei.
Baixinho para os padrões internacionais (média de 1,96 m), o pelotão brasileiro, que tenta voltar ao topo do mundo, recebeu o reforço de um "gigante de vidro": Ricardo Roim, 21 anos, 2,09 m, 105 kg.
No currículo do meio-de-rede do Banespa, de São Paulo, constam quatro cirurgias nos joelhos -três no esquerdo e uma no direito.
Roim está entre os 14 convocados pelo técnico Radamés Lattari para as quatro partidas amistosas que a seleção fará contra a Holanda, entre 3 e 10 de agosto.
Quinto colocado na última edição da Liga Mundial, o Brasil disputará o Sul-Americano, em setembro, e as seletivas para o Mundial do Japão, em outubro.
O "gigante de vidro", o mais alto jogador a ser convocado para a seleção principal -no time atual Gustavo é o mais alto (2,03 m)-, começou no vôlei aos 11 anos.
Um vizinho, que treinava no Guaru, na região da Grande São Paulo, impressionado com sua altura, chamou-o para um teste.
"Já era alto. Meu pai fazia riscos na porta do meu quarto para ver o quanto eu estava crescendo."
Aprovado, ficou na equipe até 1990, quando se transferiu para a extinta Pirelli. Mudou-se para o Banespa na temporada 93/94.
Num treino, torceu o joelho esquerdo, afetando o menisco. A primeira cirurgia, aos 17 anos.
Pouco depois, foi a vez de o joelho direito apresentar problemas na cartilagem (tecido que funciona como "amortecedor"). Outra operação.
A seguinte veio em decorrência de uma torção durante um treino da seleção infanto-juvenil, na Polônia. "Pensei que fosse hora de parar, quando me preparava para voltar me contundi."
A quarta foi uma microcirurgia para reparar pequenas sequelas no joelho esquerdo.
Prontuário
"Esse menino tem muito potencial. Não é só altura. O Roim é hábil, ágil. Só que requer cuidados especiais", diz o técnico do Banespa, Cacá Bizzocchi.
Na apresentação à seleção brasileira, dia 17, o meio-de-rede levará consigo um prontuário médico -procedimento adotado com outros atletas do Banespa.
O clube está encaminhando ao preparador físico da seleção, Júlio Noronha, uma carta com "sugestões" da carga de treinos a que ele pode ser submetido sem aumentar o risco de novas contusões.
"A gente não vai impor nada. Vamos explicar que, se ele treinar salto de manhã, não pode fazer o mesmo à tarde. Senão corre o risco de ter novo problema. Enquanto o Roim for atleta, sempre vai precisar de atenção especial", diz o médico Júlio Nardelli, 36, que acompanha o jogador há três anos.
Nardelli afirma que, se forem tomados "cuidados", Roim pode disputar sem problemas um torneio como a Liga Mundial, em que as equipes jogam diariamente.
"A situação de jogo é diferente. Muitas vezes o esforço é menor do que o de um treino."

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