São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Pesquisas buscam retardar o mal de Alzheimer

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Dennis J. Selkoe, da Escola de Medicina Harvard, publicou, na revista "Science" (1997, 275, 630), artigo intitulado "Alzheimer's Disease: Genotypes, Phenotype and Treatment" (Doença de Alzheimer: Genótipos, Fenótipo e Tratamento), no qual procura consensos a respeito de várias questões pertinentes a esses assuntos.
Busca alguma visão unificada que esclareça e simplifique a procura de terapias.
O objetivo central da pesquisa sobre a doença de Alzheimer (DA) consiste em identificar os degraus, em sua patogênese, que, se inibidos, possam levar a sua delonga ou mesmo prevenção.
Os pacientes de DA desenvolvem determinadas placas "neuríticas", características de regiões do cérebro ligadas à memória e cognição.
Essas placas consistem em filamentos de uma proteína chamada beta-amilóide associados a vários elementos nervosos distróficos. Os filamentos são extracelulares. Além disso, vários pacientes exibem diversas outras estruturas patológicas.
É fator precoce em todas as formas de DA familiar, mas tem de ser seguido por muitas alterações moleculares e celulares antes de se instalarem lesões nas regiões límbicas e associativas, salienta Selkoe, que terminam em demência.
O mesmo especialista afirma haver grande consenso quanto a um precoce mecanismo comum como alvo terapêutico em pelo menos muitas formas de DA.
Estabelecida a cascata de eventos que provoca a doença, basta interromper um dos degraus da cascata para impedir a continuação do processo.
Dentro dessa ordem de idéias, poderemos estabelecer quatro tipos de tratamento de DA:
1. os inibidores de protease, muito conhecidos e usados;
2. compostos que se liguem à beta-amilóide extracelular;
3. drogas antiinflamatórias cerebrais específicas;
4. fatores, por exemplo, os antioxidantes, que interfiram nos mecanismos de neurotoxicidade deflagrada pela beta-amilóide.
Caminho diferente seguiu Mary Sano, da Universidade Columbia, que a revista médica "New England Journal of Medicine" (abril de 1997) relatou o uso duas drogas comuns, que podem produzir efeitos verdadeiramente extraordinários em pacientes de DA de gravidade moderada.
São elas a seleginine (remédio comum contra o mal de Parkinson) e a vitamina E, ambos antioxidantes.
Os pesquisadores pretendem agora ministrar essas drogas (pode ser usada uma ou outra) a pacientes em fase mais precoce da DA. A esperança é protelar indefinidamente a doença.

Em geral, o efeito das drogas (uma ou outra) dura sete meses, durante os quais os pacientes recuperam suas capacidades, ou muitas delas, como vestir-se, manejar dinheiro e outras, que indicam certo grau de independência.

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