São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997 |
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Fuzil mudou guerrilhas
RICARDO BONALUME NETO
Isso mostra o motivo pelo qual as armas criadas pelo genial inventor russo Mikhail Kalachnikov deixaram de ser um mero capítulo da história da tecnologia bélica para se tornarem uma influência séria na história social. A pioneira arma criada pelo russo, AK-47, faz parte até mesmo do brasão e da bandeira de Moçambique -pois essa arma era a base da guerrilha moçambicana contra o colonizador português. Em muitos outros países do Terceiro Mundo ela teve esse papel, nem sempre registrado dessa forma marcante. O motivo é bem conhecido -a extrema robustez e a grande simplicidade dessa arma, capaz de ser usada com eficácia por qualquer camponês do planeta Terra. Um pesquisador americano, Edward C. Ezell, escreveu um livro sobre os fuzis AK, "armas que podem ser vistas nas mãos de crianças no Líbano e no Afeganistão, usadas por forças governamentais e antigovernamentais da Indochina à América Central à África". O livro foi feito na tradição de outro, "A História Social da Metralhadora", de John Ellis, que descreve o impacto que tiveram na sociedade humana essas armas automáticas capazes de matar mais rapidamente. A AK teve uma função taticamente importante. Antes, como na Segunda Guerra, os Exércitos tinham basicamente soldados armados com fuzis e outros com metralhadoras. A AK, um fuzil automático (capaz de disparar rajadas como uma metralhadora) ajudou a mesclar as duas funções. E, nas mãos de guerrilheiros, isso foi de fato socialmente revolucionário. Texto Anterior: Russo criou arma após ser ferido na 2ª Guerra Próximo Texto: Refém do ETA é encontrado baleado Índice |
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