São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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ABRIR COM MENOS RISCOS

Está na hora de o governo brasileiro repensar a sua estratégia de negociação de acordos comerciais internacionais. Até agora, o Itamaraty tem defendido a tese de que a economia brasileira não resistiria a uma nova onda de liberalização (a primeira foi no governo Collor, a partir de 90). Por isso, joga para depois de 2005 as negociações sobre a redução de tarifas no âmbito da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
A Alca nada mais é do que uma negociação entre Brasil (ou Mercosul) e Estados Unidos. O mais elementar bom senso indica que, mesmo que a abertura fique para 2005, a indústria brasileira não estará, até aquele ano, em condições de enfrentar uma concorrência direta com a hipercompetitiva indústria norte-americana.
Há o risco real de que o Brasil se transforme em mero empório de importações de produtos industriais, com as consequências inevitáveis sobre o emprego (importar emprega menos gente do que produzir localmente) e sobre as contas externas.
O governo brasileiro tem à mão uma alternativa menos defensiva e que parece mais favorável aos interesses do país. Trata-se de deslocar a ênfase para a OMC (Organização Mundial do Comércio), na qual há todo um cronograma de negociações, até o ano 2000, envolvendo o vasto setor de serviços.
Exemplo concreto: está em andamento, com prazo tentativo até dezembro, a negociação para liberalizar o setor de serviços financeiros, que inclui seguros em geral.
O Brasil ganharia duplamente se abrisse seu mercado nessa área. É razoável supor que poucos brasileiros comprariam um seguro-saúde no exterior. A empresa da área interessada no mercado brasileiro teria que instalar-se no país, gerando empregos e aumentando a concorrência, sempre benéfica para o consumidor.
Com isso, o Brasil poderia manter e até acelerar o ritmo de abertura, ganhando tempo, simultaneamente, para preparar-se de maneira adequada para a concorrência, inevitável a longo prazo, com a poderosa indústria norte-americana.

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