São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
Próximo Texto | Índice

Copa de 98 abre caminho para goleada nos negócios

Saiba como usar a marca do campeonato ou a imagem do galo

CLEBER MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é preciso ser nenhuma multinacional para ter o nome associado à Copa do Mundo de 98, que vai acontecer na França. A oportunidade de fabricar produtos licenciados também está aberta a pequenas e médias empresas.
Quase todo produto pode levar a marca do evento ou a imagem do mascote -o galo Footix. São cerca de 150 itens. Cigarros e bebidas alcoólicas são duas exceções.
Além disso, o tamanho não é o que mais conta na hora do contrato, geralmente exclusivo.
"É preciso ter qualidade e uma boa rede de distribuição dos produtos pelo país", afirma Celso Rafael, 31, sócio da Character, única empresa autorizada a intermediar o licenciamento no Brasil.
Segundo ele, as pequenas e médias empresas respondem por, no mínimo, 30% dos negócios.
Rafael afirma que os investimentos necessários para um evento como a Copa não devem ser uma barreira para essas empresas.
A primeira delas, aliás, já assinou o contrato. É a Tecnoplate, do Rio de Janeiro, que tem cerca de 50 funcionários. A empresa produzirá no país os chaveiros emborrachados oficiais da Copa de 98.
"Esperamos aumentar as vendas em 20%", afirma José Henrique Teixeira, 36, gerente.
Os outros contratos já assinados, obtidos pela Folha, são com empresas maiores -a chilena Dos en Uno (fabricante dos chicletes Bonky), a multinacional Panini (álbum de figurinhas), as lojas C&A (confecção) e a paulistana Mack Color (adesivos).
Os acordos estão sendo fechados quase um ano antes do pontapé inicial, na França, em 10 de junho de 98. "Os itens devem estar nas lojas em setembro", diz Rafael.
Os licenciados vendem os produtos com antecedência porque precisam ter dinheiro suficiente para arcar com royalties de até 12%, calculados sobre uma previsão de faturamento (veja quadro).
"Trabalhando bem o produto, esses custos podem ser superados facilmente", afirma Marcos Rossi, 40, diretor da Mack Color, que tem 150 funcionários.
Os produtos licenciados, segundo ele, devem aumentar as vendas em 30%, o que corresponde a 30 milhões de adesivos por mês.
"Nossa experiência na Copa de 94 (EUA) mostrou que a imagem da empresa melhorou e impulsionou outras linhas de produtos."
Veterana em Copa do Mundo, a multinacional Panini (Itália) é novamente a licenciada para produzir o álbum de figurinhas com os jogadores do campeonato. Só que, nesse caso, a empresa não pode antecipar o lançamento.
"O álbum chega ao mercado cerca de dois meses antes da Copa porque precisamos aguardar a escalação dos times", diz José Eduardo Martins Severo, 47, presidente da Panini no Brasil.
Negócios
As previsões das empresas brasileiras acompanham as da Sony Signatures, representante mundial da Fifa para licenciamentos e que escolheu a Character para agenciar os interessados no país.
Segundo a Sony, os produtos licenciados devem gerar cerca de US$ 100 milhões em vendas no mundo. Só em royalties (pagamento pelo uso da imagem), a Sony deve receber US$ 8 milhões.
Segundo a Character, um milhão de camisetas oficiais devem ser vendidas no Brasil. Os números podem entusiasmar, mas o interessado tem de armar a defesa para lucrar. Terá de garantir uma produção razoável e ainda encarar um adiantamento de 25% do total a ser pago já na assinatura do contrato.

Próximo Texto: Craques brasileiros são licenciados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.