São Paulo, domingo, 13 de julho de 1997
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Record aposta em Boris Casoy para disputar a vice-liderança com o SBT

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de amanhã, a Rede Record uma nova programação que visa levar a emissora a disputar as primeiras colocações no ranking da audiência.
Para isso, a emissora vem investindo pesado. Nos últimos dois anos, foram empregados R$ 100 milhões para o crescimento da rede e compra de equipamentos, além da aquisição das instalações da antiga TV Jovem Pan, na Barra Funda, em São Paulo.
Aliado a esses investimentos, está a tentativa de incrementar a programação e afastar a imagem de igreja eletrônica que paira sobre a emissora -ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.
A grande cartada da Record foi tirar o âncora Boris Casoy so SBT -pagando um salário estimado em R$ 100 mil- e levá-lo para comandar um telejornal no horário nobre da emissora.
Atualmente a rede ocupa o terceiro lugar, em média. "Mas o segundo lugar está embolado, com alguns programas empatamos e até ultrapassamos o SBT, o segundo colocado", diz Eduardo Lafon, diretor de programação e operações da Record.
"Não vamos nos contentar com um segundo lugar. Vamos brigar com a Globo no ano 2000. No primeiro semestre já dobramos o faturamento de 96 (R$ 60 milhões)", afirma Mário Pestana, diretor de comercialização e marketing da Rede Record.
Segundo Lafon, a Record está começando a incomodar as outras redes. "A Record é a única com condições de crescer. A Globo já detectou isso há um ano. Sei disso pelas conversas que tenho com profissionais de lá."
A decisão de apostar na Record e tentar torná-la uma emissora competitiva veio dos acionistas da holding LM. "A TV não é da igreja. O investimento vem dos acionistas. Temos uma vantagem: aqui não há o dono, que passa no final do dia para pegar o dinheiro no caixa. Tudo o que entra é reinvestido", diz Lafon.
Mas a Igreja Universal acaba colaborando com os rendimentos da Record. "A igreja é um concessionário que compra horários na programação", explica Lafon. Atualmente são cerca de oito horas diárias na madrugada.
"Como é um horário grande, eles pagam bem. Podemos dizer que a igreja é nosso melhor cliente. Se você levar em conta que nosso custo é de R$ 100 mil por hora, você pode deduzir quanto entra", diz Lafon.
O mercado publicitário ainda está um pouco reticente com a expansão da Record.
"Já se pode considerá-la uma rede. Mas a evolução da audiência ainda é pequena. De 93 a 97, o horário nobre dobrou de audiência, mas o vespertino e noturno continuam sem modificação. O Boris é sem dúvida uma atração, mas, para que pretende disputar com o SBT é muito pouco", diz Daniel Barbará, diretor comercial da DPZ.
Para Angelo Franzão Neto, diretor de mídia da McCann Erickson, a Record será uma alternativa no futuro. "Com maior participação em audiência terá mais investimento publicitário."
Segundo Eduardo Monteiro, supervisor de planejamento de mídia da W/Brasil, "a Record está se tornando mais competitiva. Antes havia um certo receio em relação à igreja, mas eles estão arredondando a grade."

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