São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 1997 |
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Avião cai em praça de MG e mata oito FÁBIA PRATES ANDRÉA DE LIMA; FÁBIA PRATES
ANDRÉA DE LIMA Um acidente com um avião monomotor Ercoupe 415C, na cidade mineira de Conselheiro Lafaiete (a 96 km de Belo Horizonte) deixou oito mortos e pelo menos 11 feridos na tarde de ontem. O avião sobrevoava a praça do Cristo, parte alta da cidade, no bairro Santa Efigênia, onde aconteceria à noite a festa junina "Arraial do Povão". A festa, tradicional na cidade, é promovida pela prefeitura. A Agência Folha não conseguiu localizar o prefeito Vicente Faria Paiva ontem. Por volta das 14h30, aconteceria o "Bingão do Povão", com sorteio de veículos. Cerca de 2.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, estavam no local à espera do sorteio. O avião sobrevoava a praça para fazer imagens da festa. A bordo, estavam o piloto Célio Rodrigues e o cinegrafista amador Gildásio Dutra Pinto, que fazia imagens com uma câmera. Segundo testemunhas, em um dos vôos rasantes sobre a praça, às 13h50, a asa esquerda bateu em um poste de iluminação, em torno da estátua do Cristo. Depois do choque, o avião começou a cair, atropelando as pessoas, e bateu em um carro Passat, que estava estacionado, e também em um caminhão de som. Quatro pessoas morreram no local e 15 foram levadas para três hospitais da cidade. Dessas, outras quatro morreram mais tarde. Os oito mortos são: José Pedro Dias, 33, Aílton Aparecido da Silva, 28, e seu irmão José Serafim da Silva, 46, Cláudio Silva Moura, 39, e seu irmão Gelson Silva Moura, Vander Donizete de Farias, 29, José Luiz da Rocha e José Eládio Dornelas. Alguns dos mortos tinham os corpos mutilados. Três feridos foram transferidos em estado grave para o Hospital João 23, em Belo Horizonte (MG). Segundo Francisco Rezende de Paula, proprietário de uma escola de aviação em Conselheiro Lafaiete, Rodrigues era mecânico de avião e estava desempregado. Francisco de Paula disse que o piloto alugava um espaço em seu hangar no aeroporto Bandeirinha para guardar seu avião. Rodrigues estava em Conselheiro Lafaiete havia dois meses e pilotava por hobby, segundo o proprietário. Horror e pânico "Uma cena de horror, com muita gritaria, corpos destroçados e dois estrondos: primeiro quando o avião bateu no carro, se arrastou atropelando as pessoas na praça, até parar na carreta de som". A descrição é do vendedor de cachorro-quente Geraldo Luiz Rocha de Faria, 28, que chegou à praça do Cristo, no bairro de Santa Efigênia, às 12h30 de ontem e só saiu às 20h. "Na hora do acidente, tinha muita gente na praça. Policiais civis e militares. Por volta das 13h30, o avião começou a fazer rasantes sobre a praça. O piloto fazia manobras perigosas. Estava voando muito baixo, na altura de um poste de luz. As pessoas foram ficando com medo, apavoradas", afirmou o vendedor. Segundo ele, depois de uns 20 minutos de manobras, o avião bateu a asa esquerda num poste de luz. "O corpo do avião se arrastou pela praça, atropelando as pessoas, que gritavam e corriam de um lado para o outro, tentando fugir da rota dele, que só parou por causa da carreta de som". Ana Maria de Souza, 43, vizinha de José Luiz da Rocha, que morreu no acidente, disse que mal consegue descrever o episódio. "O avião estava voando baixinho e de repente ouvi um barulho e vi um monte de pessoas mortas. Nunca tinha visto nada como isso antes", relatou. A enfermeira Ana Maria Souza viu o corpo do vizinho no IML e disse que ele estava todo mutilado. "Ele não merecia morrer do jeito que morreu". Os dois moram em Congonhas (MG) e foram à cidade para participar do bingo. Investigação A Polícia Civil fez ontem uma perícia preliminar do acidente. O delegado Mendes Moreira disse não ser possível definir ainda se houve falha humana ou mecânica. Uma equipe da Aeronáutica chegou ontem à noite à cidade para investigar as causas do acidente. O laudo deve sair em 60 dias. Texto Anterior: Feridos graves estão em BH Próximo Texto: Piloto vai para o hospital e foge Índice |
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