São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Selo de qualidade no morango favorece produtor e consumidor

FRANCISCO GRAZIANO

Os morangos comercializados em São Paulo estão trazendo uma boa notícia: um selo de qualidade oficial. Pela primeira vez no Brasil uma fruta tem sua qualidade certificada pelo governo. Bom para a agricultura, ótimo para os consumidores.
Há anos que a Secretaria da Agricultura vem monitorando, através do Instituto Biológico, os resíduos de agrotóxicos nas frutas e legumes comercializados na Ceagesp.
Os níveis detectados são baixos, mas persistentes. Sempre foram tomadas medidas rotineiras de assistência técnica para diminuir a incidência dos resíduos nos alimentos. Nunca foi comprovado o sucesso dessas medidas.
Era necessário se criar uma ação exemplar, abrir um caminho novo, descobrir uma saída. Os agricultores precisam produzir, gerar empregos e renda no campo. Mas não podem contaminar o meio ambiente e ameaçar a saúde dos consumidores.
Em matéria de resíduos de agrotóxicos, o morango sempre foi o produto mais problemático.
No ano passado, os produtores viram seu mercado encolher com reportagens que mostravam a gravidade da situação. Cresceu o medo das donas-de-casa de consumir morangos.
Os preços despencaram. Muitos pequenos agricultores se endividaram. Aumentou o desemprego na região produtora. O programa de qualidade do morango surgiu como uma resposta a esse dilema.
Na região de Atibaia-Jarinu, responsável por 60% do morango do Estado, os produtores rurais foram chamados, no início do ano, para uma conversa.
Ali a Secretaria da Agricultura lançou a idéia do selo de qualidade. Para dar certo, havia uma condição: os próprios agricultores precisavam concordar com o programa. Não adiantava impor regras.
O sucesso foi total. Os agricultores concordaram em seguir as recomendações dos agrônomos da Cati, que cuida da assistência técnica no campo.
Em cumprir, semanalmente, a rotina de fiscalização e análise dos seus produtos em laboratórios. Em usar equipamentos de proteção nos trabalhadores rurais. Em assumir uma produção ecologicamente controlada.
Hoje, 300 pequenos agricultores estão produzindo frutas com qualidade garantida, isentas de agrotóxicos, padronizadas e embaladas em caixinhas transparentes, com identificação de origem. A associação dos produtores auxilia no cumprimento das determinações técnicas, quebrando o individualismo típico dos agricultores.
Está nascendo uma assistência técnica moderna, dirigida, compartilhada, que olha para fora da porteira da fazenda e enxerga o mercado. Implementada com o morango, deve expandir para toda a produção rural. Esta é a pedagogia da função pública: orientar, normatizar, ensinar.
Agora o consumidor pode fazer sua escolha: comprar qualquer morango, sem origem, ou comprar morango com "Qualidade Cati", garantido. Sem agrotóxicos. Os preços poderão ser diferentes. O mais caro, porém, dá certeza de qualidade.
A Secretaria da Agricultura orgulha-se de estar lançando em São Paulo uma idéia nova, seguindo a agenda da agricultura sustentável, do meio ambiente limpo. Desenvolve seu trabalho junto com os produtores rurais.
O objetivo é cooperar com eles e não impedir que trabalhem. O selo de qualidade do morango expressa uma proposta que antecipa o futuro da agricultura. É a ecologia a favor dos homens, não contra eles. É uma resposta aos dilemas do presente.

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