São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MST rompe trégua de 3 meses e invade fazenda de pecuária em SP

Invasão em Sorocaba indica nova estratégia

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

O MST rompeu uma trégua que já durava três meses em São Paulo e comandou, na madrugada de domingo, a invasão da fazenda Bonanza, no município de Itararé, divisa com o Paraná.
A ação, que contou com 300 famílias, marcou o início de uma nova fase do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra): invadir áreas particulares com pecuária extensiva mesmo sabendo que o fazendeiro é o legítimo dono.
Até então, o MST priorizava propriedades cujo domínio é disputado pelo Estado na Justiça, como áreas no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo).
Segundo Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST, "essas iniciativas tendem a se multiplicar nos próximos dias" como forma de pressionar o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a vistoriar áreas que eles consideram improdutivas.
A fazenda Bonanza pertence ao empresário Gumercindo Ferreira dos Santos, 70, diretor-presidente do grupo Cofesa, que administra uma rede de supermercados em São Paulo e no Paraná.
Santos entrou na Justiça ontem com pedido de reintegração de posse. Ele diz criar 5.000 bois em 1.200 alqueires. Os sem-terra dizem que a fazenda tem no mínimo o dobro de tamanho.
Oito tratores emprestados de um assentamento vizinho começaram a trabalhar a terra ontem. O coordenador da invasão, Deuwek Matheus, disse que os sem-terra querem plantar cem alqueires de milho. Ele espera outras 300 famílias até o final de semana.

Texto Anterior: Os cinco dedos
Próximo Texto: Índios e posseiros trocam tiros no Paraná; Confronto em PE deixa três sem-terra feridos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.