São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Vítima não tocou em explosivo, diz IC; chance de sabotagem aumenta

CRISPIM ALVES

CRISPIM ALVES; MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O IC (Instituto de Criminalística), órgão da Polícia Civil de São Paulo, praticamente descartou a possibilidade de o empresário Fernando Caldeira de Moura ter tido alguma ligação com a explosão no Fokker-100 da TAM. Com isso, aumentam os indícios de explosão criminosa ou sabotagem.
Moura foi a única vítima fatal da explosão, ocorrida na quarta-feira. Ele foi expelido para fora do avião a uma altitude de 2,4 km.
A conclusão do IC está baseada no fato de os peritos não terem encontrado na roupa do empresário qualquer substância química, como nitratos, por exemplo, que indicassem um contato do empresário com algum artefato explosivo antes da detonação.
Ou seja, de acordo com o IC, Moura não teria manuseado ou transportado para o interior do avião qualquer tipo de explosivo.
Para chegar a essa conclusão, os peritos aplicaram um teste chamado ETK (Explosive Test Kit). Segundo Osvaldo Negrini, diretor técnico do IC, o ETK, desenvolvido nos Estados Unidos, é extremamente sensível e comumente utilizado em países com cultura de atentados a bomba, como Inglaterra ou Israel.
Nas roupas de Moura só foram encontrados nitritos, resíduos de explosivos nitrogenados. Os nitrogenados representam mais de 90% dos tipos de explosivos.
"O artefato explosivo já estava no avião ou foi colocado no banco ao lado sem que ele (Moura) percebesse", disse Negrini.
O Fokker-100 da TAM decolou de Vitória (ES) e fez uma escala em São José dos Campos, onde o empresário embarcou. A empresa aérea não comentou o fato.
Simulação
O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da PM fez anteontem de manhã testes com quatro tipos de explosivos no pátio de um quartel no parque D. Pedro 2º (região central de São Paulo).
Foram colocadas quantidades iguais de cada tipo de explosivo (20 gramas) ao lado de chapas de ferro para testar o tipo de estrago que cada um deles faz.
Segundo o tenente-coronel Jairo Paes de Lira, foram usados TNT, Plastex (explosivo plástico), pólvora branca e um cordel detonador (geralmente os detonadores são explosivos que funcionam como espoletas). O resultado da experiência será encaminhado hoje ao IC. "A condição das detonações foi diferente da que ocorreu no avião. Mesmo assim, achamos que o resultado poderá auxiliar na apuração", disse Paes de Lira.

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