São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Ministro quer provão de medicina em 99

Paulo Renato diz fazer questão de incluir disciplina

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Paulo Renato Souza (Educação) disse ontem que o curso de medicina fará parte do provão e que gostaria que ele fosse incluído no exame de 99.
"Exceções não se abrirão, a oportunidade da inclusão é que será discutida", afirmou.
Souza e o ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, participaram ontem da cerimônia de encerramento da apresentação do relatório da avaliação das escolas de medicina feita pela Cinaem (Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico).
A comissão, que reúne dez entidades ligadas à área médica, realizou a avaliação no período de 91 a 97. Participaram de todo o processo 48 das 87 escolas do país.
Os organizadores da avaliação esperavam que ela pudesse substituir o provão, que consideram um instrumento que, por si só, é incapaz de avaliar o ensino médico.
Albuquerque elogiou o trabalho da Cinaem, mas disse que os cursos de medicina também devem passar pelo provão. Ele defendeu uma mudança nos currículos.
"Precisamos dar terminalidade ao curso. Os currículos são excessivamente teóricos e especializados. O jovem tem conhecimentos compartimentados. Não podemos esperar que, ao final do curso, ele sacuda a cabeça, junte tudo isso e vire um médico." Souza afirmou que o curso de medicina não foi incluído no provão deste ano porque estava esperando a conclusão da avaliação da Cinaem.
Ele convidou os integrantes da comissão a discutir uma forma de trabalhar conjuntamente na avaliação do ensino médico. O trabalho desenvolvido pela Cinaem poderia ser mais um item na avaliação global das instituições.
Na avaliação da Cinaem, foram levados em conta a estrutura econômica e político-administrativa das escolas, a infra-estrutura material, os recursos humanos, o modelo de ensino, o papel da escola na assistência e na pesquisa e o médico formando.
Uma das conclusões foi que, ao se formar, o médico brasileiro apresenta formação ética e humanística deficiente, é precocemente especializado, incapaz de manter uma atualização na área e inadequado para atender às demandas da população.

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