São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Dez marcas de água têm flúor demais

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Odontologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que fica em Piracicaba (170 km de São Paulo), revelou que, de 106 marcas de água mineral vendidas no Brasil, 10 apresentam teor de flúor natural acima do recomendado, podendo causar fluorose em crianças até 7 anos.
A fluorose provoca manchas nos dentes, que perdem seu brilho natural. É mais problemática entre 2 e 3 anos de idade, quando os dentes estão se formando.
A pesquisa foi coordenada por Jaime Aparecido Cury, professor do departamento de bioquímica da faculdade. Foram analisadas 98 marcas nacionais e 8 estrangeiras.
Podem causar fluorose, segundo o trabalho, as marcas Prata gasosa (SP), Santa Eliza (SP), Charrua gasosa (RS), Ijuí (RS), Sarandi sem gás e gasosa (RS), Santa Catarina (SC), Pedras Salgadas (Portugal) e Villavicencio (Argentina).
Segundo Cury, a fluorose não enfraquece os dentes nem propicia a formação de cáries. "O prejuízo é apenas estético", afirmou.
Teor correto
Somente quatro das marcas de água mineral estudadas possuem teores de flúor natural dentro da margem considerada correta, ou seja, de 0,6 a 0,8 miligramas de flúor por litro de água: Soda Natural gasosa (RS), Da Guarda (SC), Saint Thomas gasosa (SP) e San Pellegrino gasosa (Itália).
O índice ótimo, segundo Jaime Cury, é 0,7 miligramas por litro. Com esse teor de flúor, a água não só ajuda a fortalecer os dentes como praticamente não causa malefícios.
Três marcas -Charrua gasosa, Pedras Salgadas gasosa e Villavicencio- foram consideradas não-potáveis por possuir teores excessivamente altos de flúor, de acordo com os padrões da portaria 56/1977 do Ministério da Saúde.
A Charrua, a mais fluoretada, apresentou 4,44 miligramas de flúor por litro de água, ou seja, mais de sete vezes o teor ótimo.
Jaime Cury afirmou que o problema, nesse caso, se refere às marcas que anunciam o fato de ser fluoretadas como benefício para o consumidor.
"Essas marcas não fazem mal, mas também não trazem benefício algum. O consumidor precisa ser avisado disso, para não se configurar propaganda enganosa."

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