São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Perito analisa combustão

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A análise dos resíduos do material que explodiu no vôo 283 da TAM poderá mostrar se a explosão na aeronave foi acidental ou não. Para tanto, deve ser examinada a forma como queimou o explosivo.
Explosivos são materiais que têm combustão rápida e liberam grande quantidade de gases, que se expandem rapidamente. "Quando o explosivo está bem acondicionado, todo o material queima", disse o professor José Atílio Vanin, do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo).
Quando não há a queima total do material, é possível encontrar resíduos maiores do explosivo, como o tolueno e a metil-benzina (compostos que fazem parte da estrutura do TNT). "A tendência numa explosão acidental é não haver um bom acondicionamento do explosivo", disse Vanin.
Segundo o professor, após a detonação os explosivos nitrogenados podem produzir nitritos, nitratos, gás carbônico, nitrogênio, água e fragmentos de hidrocarbonetos (compostos de hidrogênio e carbono) ligados a nitrogênio ou oxigênio.
Os nitritos (NO2) são substâncias instáveis que reagem com o oxigênio do ar após a explosão e se transformam em nitratos (NO3). Cada explosivo deixa uma padrão de resíduos nas proximidades.
O que os peritos do IC estão fazendo é tentar estabelecer o padrão dos resíduos nas amostras de roupas do empresário Fernando Caldeira de Moura, morto na explosão, e nas partes destruídas do Fokker-100 e compará-los com o dos explosivos suspeitos (EPTN, Nitropenta, RDX e TNT).
Ainda segundo o professor, esses explosivos dificilmente explodem espontaneamente.
"Substâncias como o TNT só explodem com choques violentos, como o de uma bala de revólver e não com qualquer pancadinha ou queda."
A única possibilidade de uma explosão espontânea seria o caso de o explosivo estar acoplado ao detonador. Geralmente, os detonadores são substâncias que explodem facilmente, como o fulminato de mercúrio.
(MG)

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