São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Crise na Ásia derruba Bolsas brasileiras

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise de confiança que atinge as moedas de alguns países asiáticos -especialmente Tailândia, Filipinas e Indonésia- está derrubando as Bolsas brasileiras.
Ontem a Bolsa paulista chegou a cair 5,3%, na mínima do dia, fechando com queda de 3,5% (a do Rio recuou 4,3%.) Com isso, o Ibovespa acumula em dois dias desvalorização de 6,9%.
A volatilidade, no entanto, foi a marca do pregão de ontem, já que, antes de desabar, o índice da Bolsa paulista acumulava alta de 2%.
O nervosismo também atingiu o mercado de juros e dólar, ainda que a reação, nesse caso, tenha sido mais moderada.
O receio do mercado financeiro é que a crise que atingiu os países asiáticos contamine as expectativas dos investidores com relação ao futuro da economia brasileira.
Isso porque o que detonou a crise cambial na Ásia foi, em grande medida, a situação ruim das contas externas desses países.
No caso brasileiro, há a perspectiva de continuidade da deterioração da situação externa, com o país fechando o ano com déficit de cerca de 4,5% do PIB.
Mas a reação dos investidores nesses dois dias tem muito a ver com realização de lucros, já que as ações acumulam expressiva alta.
Ou seja, o cenário é extremamente favorável aos especuladores que apostam na queda.
Esses especuladores, ontem, chegaram a soltar o boato de que a Argentina teria realizado uma maxidesvalorização de 30%.
Com isso, Telebrás PN encerrou a sessão com queda de 4,3%, enquanto Eletrobrás PNB caiu 4,8%.
Segundo operadores e analistas, esse nervosismo das Bolsas pode se manter por mais alguns dias, até que fique claro se há o risco de a crise asiática chegar de fato a abalar a confiança no real.
O problema é que boa parte do combustível das ações está vindo de pequenos e médios investidores, que estão entrando via fundos, e podem decidir sair com a rapidez que decidiram entrar.
A questão aí é que os estrangeiros já não estão entrando com o mesmo ímpeto. Ou seja, se o mercado passar a vendedor, não será fácil segurá-lo.

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