São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997
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Visitante vê plantas e animais

CELSO FIORAVANTE
ENVIADO ESPECIAL A KASSEL

A confusão causada pela complexidade de conceitos nas artes plásticas não é privilégio da Documenta de Kassel.
Os dois eventos concorrentes neste verão europeu -a bienal de Veneza e o "Sculpture Project", na alemã Münster- também apresentam artistas que desafiam o senso comum nas artes.
O evento alemão, por exemplo, apresentou entre suas dezenas de esculturas ao ar livre a obra "Garten" (Jardim), uma horta concebida pelos escultores suíços Peter Fischli e David Weiss, um espaço que remete à memória e a uma certa nostalgia de um tempo e de um espaço ideais. Trata ainda de formas arcaicas de trabalho e de uma economia em transformação, além de uma busca pela mudança de olhar do espectador em relação à obra de arte e às estruturas do cotidiano.
A alemã Maria Eichhorn também foi longe. Comprou um pequeno terreno em Münster, sem utilidade, resíduo do desenvolvimento urbano da cidade, e não fez nada nele. Apenas transformou-o em sua obra conceitual, composta pelo terreno, documentação de compra, histórico da cidade e questões que levanta. A quem pertence a cidade? Como seus espaços são ocupados? O que é público em um espaço público?
O pavilhão nórdico na Bienal de Veneza apresentou um trabalho do sueco Henrik Hakansson, que concebeu um ecossistema para criação de borboletas, desde seu estado larval.
Hakansson apresenta seus ecossistemas naturais-artificiais em museus, galerias ou no próprio meio ambiente. Havia realizado anteriormente uma rave nos brejos da Suécia para se comunicar com rãs e sapos por meio de música tecno.
Ainda em Veneza, quem poderia ter apresentado obras de arte, mas que acabou naufragando em sua infeliz iniciativa foi o pavilhão da Áustria.
O país pretendia homenagear o grupo de vanguarda Die Wiener Gruppe (formado por Friedrich Achleitner, Hans Carl Artmann, Konrad Bayer, Gerhard Rühm e Oswald Wiener), mas em vez de apresentar trabalhos do grupo, teve a infeliz idéia de confeccionar um enorme catálogo e colocá-lo à disposição do público, que, porém, abandonava-o por toda a bienal.

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