São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 1997![]() |
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'Cultura ou Lixo?', pergunta autor
CASSIANO ELEK MACHADO
Não era da intenção da galeria que o comprador dessa "obra de arte" levasse a parede da casa embora. No entanto, quem se dispusesse a pagar US$ 40 mil poderia receber, além da linguagem, um certificado assinado pelo artista registrando as palavras da obra. O recém-lançado livro "Cultura ou Lixo?" (ed. Civilização Brasileira), de James Gardner, se debruça sobre esses caminhos tortuosos da chamada arte contemporânea. Crítico da revista "National Review", Gardner diz que seu livro é sobre a arte "ambiciosa e sem importância -porque não tem ambição artística, mas política, psicológica, pornográfica ou qualquer coisa"- produzida nos últimos 20 anos. Gardner não lambe com um sorriso no rosto tudo o que vem sendo apresentado de mais exótico nas galerias underground. Com um texto jornalístico, permeado por uma carga de ironia "alfinetante", ele descreve as artes plásticas como "único empreendimento cultural que nos últimos anos não foi vítima de um conservadorismo estético". Ele desafia: "Rápido, diga o nome de um movimento literário contemporâneo". Cita, em contraponto, uma dúzia de movimentos artísticos atuais. Gardner confessa que muito pouca coisa sobra quando esses "ismos" são passados com acuidade na peneira. Faz questão de se diferenciar nesse aspecto de seus companheiros de crítica, a quem ele lança fagulhas: "Melhor louvar mil nulidades como o novo Picasso do que não perceber um hipotético novo Picasso". E Gardner não enxerga muitos projetos de Picasso: "A arte revolucionária certamente não é boa e a boa arte não é grande". Independente dessa descrença, Gardner oferece um perfil generoso da produção contemporânea -panorama que não pode ser encontrado em muitos livros, sobretudo em português. Livro: Cultura ou Lixo? Autor: James Gardner Lançamento: Civilização Brasileira Quanto: R$ 35,50 (252 págs.) Texto Anterior: Visitante vê plantas e animais Próximo Texto: Festivais clamam por "Srta. Else" Índice |
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