São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Suspeito de pagar carro de Pitta é preso

PATRICIA ZORZAN
OTÁVIO DIAS

PATRICIA ZORZAN; OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

PF prende suposto doleiro sob acusação de crime do colarinho branco, sonegação fiscal e evasão de divisas

Yasha Moghrabi, apontado como responsável pelo depósito de R$ 30 mil que teria pago o Vectra do prefeito Celso Pitta (PPB-SP), foi preso ontem, em São Paulo, pela Polícia Federal.
Suspeito de atuar como doleiro, Moghrabi -que prefere ser chamado de Yasha, apesar de seu nome verdadeiro ser Chaya- foi autuado em flagrante sob a acusação de prática de crime do colarinho branco, agiotagem, sonegação fiscal e evasão de divisas.
Em diligências em seu escritório e em sua casa na manhã de ontem, a polícia descobriu cheques de terceiros em circunstâncias que, segundo a PF, caracterizariam empréstimos a juros (agiotagem).
Também foram encontrados documentos que indicariam remessa de valores a vários paraísos fiscais, incluindo um comprovante de depósito no valor de US$ 180 mil, em nome do próprio Moghrabi, no Banco Aliado, do Panamá.
A polícia também descobriu uma caderneta com telefones de contatos no exterior e uma quantia, segundo a PF, "pequena" de dólares. O material foi todo apreendido.
Depósito
A Receita Federal constatou que o Vectra comprado por Pitta, em 31 de maio de 1996, foi pago com um cheque de R$ 30 mil. O custo total do veículo, adquirido na Autoglobal Automóveis Ltda., foi de R$ 35 mil. Os R$ 5.000 restantes foram pagos com um carro usado.
O prefeito afirma que o Vectra foi pago em dinheiro. Mas a Receita constatou que, no dia 31, a única entrada de R$ 30 mil na contabilidade da concessionária corresponde a um cheque da Comercial Distribuidora Photography Ltda.
Segundo João Ribeiro da Silva, dono do cheque, o depósito foi feito na conta da Autoglobal, por indicação de Moghrabi.
Silva disse que o pagamento foi feito como parte de uma operação de "factoring" (empréstimo) junto ao suposto doleiro.
Dólares
Segundo funcionários do prédio onde está localizado o escritório de Moghrabi, a diligência da PF durou cerca de três horas.
Ele já era esperado pela PF quando chegou ao escritório, onde, oficialmente, fica a empresa Mármore Representações, de sua propriedade.
O suposto doleiro passou a tarde na Superintendência da Polícia Federal no Estado, mas preferiu só prestar depoimento em juízo.
Segundo a Folha apurou, Silva foi então procurado pela Polícia Federal, que pretendia fazer um acareação entre os dois.
O comerciante não foi encontrado na sede da Photography. Autorizado pela polícia, ele viajou para os Estados Unidos, conforme compromisso marcado.
Intermediação
O advogado de Moghrabi, José Roberto Leal de Carvalho, disse à Folha, na sexta-feira, que seu cliente admitia ter realizado uma "operação financeira" com a Photography.
Ele não confirmou nem negou que Moghrabi tenha pedido a Silva que fizesse o depósito.
Carvalho afirma que seu cliente realiza trabalhos na área de "intermediação".
Por ter curso universitário, Moghrabi passaria a noite em uma cela especial da PF. Hoje, seu advogado entrará com pedido de liberdade provisória na 4ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.

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