São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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O campeão natural

THALES DE MENEZES

Existem algumas explicações para a exuberante forma técnica de Pete Sampras, que caminha tranquilo atrás de marcas que vão transformá-lo no maior tenista da história.
É comum destacar que o norte-americano tem um jogo completo e um ótimo preparo psicológico. Mas esta coluna aposta que o grande diferencial de Pete Sampras é um trabalho feito por Tim Gullikson, que treinou o atual número um do ranking por quase meia década antes de morreu de câncer, há dois anos.
Sampras venceu o US Open de 90 ainda adolescente, mas parecia condenado a nunca mais repetir uma conquista dessas. Trocou de técnico várias vezes em dois anos e só foi assentar a cabeça -e seu padrão de jogo- com Gullikson.
O maior mérito do treinador foi descobrir qual era o jogo "natural" de Sampras. O tenista mudou a mecânica de todos os golpes sob a tutela de Gullikson. Em cada fundamento, ele fez Sampras desaprender os movimentos que forçava desde adolescente, e encontrar, como uma criança, a maneira natural de mexer o corpo para executar os golpes.
Depois de um primeiro momento de queda de desempenho, Sampras subiu no ranking. E os títulos voltaram.
Basta observar o tenista em ação, até mesmo em fotos, para perceber que seus movimentos são curtos e rápidos, sem que demonstre maior esforço.
Enquanto outros jogadores batem na bola com o corpo todo retorcido, Sampras está sempre ereto, com a raquete próxima do corpo, como um jogador relaxado trocando raquetadas de pingue-pongue.
Esse "relaxamento" faz com que Sampras seja o jogador "top" com menor número de contusões nesses anos 90. Para falar a verdade, apenas uma distensão na coxa, em 94, é que pode ser considerada grave.
Dessa maneira zen, Sampras vai pulverizando recordes e rivais. Tudo muito natural.

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