São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Hancock faz revanche em Montreux

PAULO VIEIRA
ENVIADO ESPECIAL A MONTREUX

Subindo ao palco se identificando como "aquele que talvez tenha estado em Montreux mais do que qualquer outro", o pianista americano Herbie Hancock iniciou seu show anteontem com aquilo que vem fazendo onde quer leve sua superbanda: apresentando seus músicos.
Vacas sagradas do jazz moderno, John Scofield (guitarra), Michael Brecker (saxofone), Dave Holland (baixo), Jack DeJohnette (bateria) e Don Alias (percussão) acompanham Hancock durante a turnê de "The New Standard", o disco em que decidiu "ler" ícones do pop.
Sem se dar conta, Hancock proporcionou uma revanche do jazz contra Montreux, que já foi considerado um festival sério pelos entusiastas do gênero.
Peter Gabriel, Nirvana e Prince, entre outros, tiveram suas músicas retrabalhadas como se ao ouvinte fosse proposto algo parecido com o livro "Onde Está Wally?".
Aqui, o enigma é encontrar a melodia de canções como "Mercy Street" (Peter Gabriel) e "Thieves in the Temple" (Prince).
Não foi fácil. Hancock deu liberdade aos colegas para se afastarem do tema. Exceto por algumas intervenções de Brecker, quem desejava um jazz "acessível" sofreu.
Talvez por isso o sexteto de Hancock tenha terminado o show com a platéia com mais buracos que um queijo suíço.
Verdade que a ela já foi impingida uma programação pesada, com a cantora Patti Austin e o embaço do guitarrista de jazz-rock Larry Carlton.
Herbie Hancock teve grande desprendimento no show. Deixou os solos mais longos para Brecker e Alias. Só não foi mais discreto que Holland, porque alguém tinha que fazer algo pelo coletivo.
O sexteto está muito entrosado. Enquanto o baterista solava, Hancock, Brecker, Holland e Scofield faziam pequenos comentários. Fez um grande espetáculo.

O jornalista Paulo Vieira viaja a convite da Emi, PolyGram, Wea e Tag Heuer

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