São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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AMEAÇA POLICIAL

As atuais ameaças de greve policial em vários Estados do país constituem um problema seriíssimo, que, no limite, põe em risco a vida da população e compromete o próprio conceito de segurança pública.
Esta Folha já alertou em editorial para a extensão e a gravidade do quadro atual, em que está envolvido não apenas o sucateamento das condições de vida dos policiais, mas também a exaustão do sistema prisional do país, incapaz de atender às demandas básicas da sociedade.
Em meio a essa situação de apreensão geral, deve-se saudar a sensatez demonstrada pela polícia paulista, que, embora tenha se mostrado insatisfeita com os índices de reajuste salarial propostos pelo governador Mário Covas, decidiu em assembléia prosseguir negociando sem entrar em greve. A paralisação da polícia é absolutamente inaceitável.
Policiais, bem como quaisquer outros trabalhadores, têm o direito de exigir suas reivindicações trabalhistas; não têm, contudo, razão quando deixam de exercer funções mais do que essenciais (para a qual se candidataram e foram escolhidos) em nome de uma demanda corporativa.
Erros como o cometido recentemente pelo governo de Minas Gerais, que gerou um clima de quase pânico em Belo Horizonte, devem servir como alerta mais do que suficiente para que essas situações não se repitam sob hipótese nenhuma.
Assim, cabe apoiar os esforços do governo paulista para solucionar dentro da ordem e do diálogo o problema salarial da sua polícia. Com o reajuste proposto por Covas, só para a PM, o Estado deverá aumentar em 1,5% seus gastos com a folha de pagamentos. Diante da situação de penúria dos cofres públicos, a quantia está longe de ser desprezível.
O fato é que a ordem não pode ser ameaçada, sob o risco de comprometer a própria democracia.

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