São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997
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Diretor da PF fica irritado com a atuação do IC

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti, mostrou ontem estar irritado com a atuação do Instituto de Criminalística (IC), da Polícia Civil paulista, nas investigações do acidente do vôo 283.
O IC tem anunciado diariamente os avanços na perícia para detectar o tipo de explosivo que estaria a bordo do Fokker-100 e a participação do empresário Fernando de Moura, que morreu no acidente. A Polícia Federal decidiu só revelar o conteúdo de sua investigação no final dos trabalhos.
Em entrevista concedida em São Paulo, Chelotti insistiu que a apuração do caso cabe à PF e à Aeronáutica, que a estariam conduzindo de forma "satisfatória".
Questionado sobre a divisão da investigação por vários órgãos, o diretor respondeu: "Nós estamos trabalhando em parceria e em harmonia com a Aeronáutica". Em nenhum momento da entrevista Chelotti mencionou o nome do instituto paulista.
"São duas instituições que têm competência para apurar esse tipo de crime: a Polícia Federal, na parte judiciária, e a Aeronáutica, na parte técnica", disse depois.
Sobre um possível laudo do IC, Chelotti afirmou que "qualquer laudo aproveitável vai ser aproveitado" pela Polícia Federal.
O diretor da PF também criticou o excesso de "especulações" no caso. "Tem muita gente falando. Até pessoas leigas, passageiros, dando opiniões sobre o episódio e gerando tumulto", afirmou.
Ele disse temer que a conclusão da investigação perca credibilidade devido às especulações divulgadas durante a apuração do caso.
Benedito Pimentel, diretor-geral do instituto da Polícia Civil, afirmou não acreditar que Chelotti "tenha feito críticas ao IC".
O diretor-técnico, Osvaldo Negrini, disse que o IC está cumprindo sua obrigação. "Não há desavenças (com a PF). Especulando é que nós chegamos lá", rebateu.
Chelotti deixou escapar que a PF trabalha também com a hipótese de atentado. "Um equipe tenta identificar o possível autor desse atentado", disse, corrigindo-se em seguida. "Desse acidente."
Depoimentos
A PF ouviu ontem as comissárias Marta Pereira de Oliveira e Luciana Crispim da Silva. Segundo o advogado da TAM que acompanhou os depoimentos, Walmir Micheletti, ambas disseram não ter notado nenhum volume estranho ou passageiro com atitude anormal no avião.

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