São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 1997
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Casal abre o evento com imagens e semelhanças

JACKSON ARAUJO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Dois dos mais importantes estilistas do MorumbiFashion Brasil desfilam hoje no primeiro dia do evento. Glória Coelho, 46, faz a abertura, às 14h. Seu marido, Reinaldo Lourenço, 35, desfila às 18h15.
Esta é a quinta temporada que os dois -casados há 13 anos- desfilam na mesma data; a segunda vez dentro do mesmo evento. "Desta vez foi pura coincidência", diz Lourenço, "pelo menos ficamos livres no mesmo dia..."
"Temos a mesma filosofia de trabalho, o mesmo jeito de criar", diz Lourenço. "De certa forma, um quer superar o outro, sem que isso atrapalhe o relacionamento", completa o estilista.
"Ele é curioso, quer saber de tudo e de todos, do mundo inteiro. Eu sou mais introspectiva, adoro filmes de ficção, adoro sair da realidade, faço coleção de filmes, música e anjos da guarda", diz Glória.
Se suas imagens de moda são bem diferentes, a história profissional do casal revela alguns pontos em comum e muitas semelhanças na passarela (leia quadro à esq.). Como os dois desenham suas coleções em casa, é inevitável que um veja os croquis do outro: "Costumamos opinar e às vezes um se influencia pela coisa do outro, um ajuda o outro", conta o estilista, que no começo da carreira foi assistente de Glória por um ano.
Natural de Presidente Prudente, interior de São Paulo, Lourenço lembra que, aos dez anos pintava e vendia "uns lencinhos que minha mãe costurava".
Aos 16, montou uma butique no quarto, onde vendia coisas que comprava em São Paulo. "Com 19 passei a achar que era muito pouco. Eu era só comerciante e queria ser estilista", conta.
Decidiu se mudar para São Paulo. Foi quando conheceu Glória, apresentados por uma melhor amiga comum. Por sua vez, filha de baianos, natural de Pedra Azul (Minas Gerais), aos 15 anos Glória já fazia as roupas de suas amigas.
Depois que trabalharam juntos, Lourenço foi atuar como produtor de moda para Costanza Pascolato, então na revista "Claudia". "Fiquei três meses e detestei. O trânsito era infernal e quando chegavam as roupas na revista eu queria mudar tudo. A Costanza dizia: 'você precisa ser estilista"'.
Em 84, Reinaldo Lourenço começa a fazer roupas masculinas. "Foi a época do conceito masculino/feminino e eu vendi muito short de praia em tafetá para homens". Sua primeira coleção feminina foi de vestidos em chita amarrados no corpo: "Vendi 70 vestidos em três dias."
Para o verão 97/98, Reinaldo Lourenço aposta na imagem das heroínas futuristas. "A coleção é pura matemática, com um 'perfume' de anos 40 nas estruturas dos ombros", tenta definir.
Na coleção de verão da G, a imagem dos anjos está presente na estampa de asas. Com inspiração bíblica, Glória Coelho quer transformar a passarela numa espécie de arena parar reviver um leilão de mulheres. "As mulheres bíblicas são extraordinárias, brinco com elas como se fossem as melhores escravas a serem vendidas".
No desfile, Glória Coelho cria imagens de mulheres da Macedônia, árabes, rainhas e irmãs de faraós. A inspiração é a pintura orientalista do começo do século.

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