São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Sem receber salário, policial vende arma

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Alagoas é a síntese de como o Estado pode provocar a sua própria falência. Inchada por sucessivos governos que usavam os cargos públicos como moeda de troca por votos, a máquina estatal alagoana desmoronou sobre o próprio peso.
O tiroteio de ontem surpreende menos pela violência -repetida na política alagoana. Indica que os policiais ainda têm armas.
Parece piada, mas é fato: muitos deles venderam seus revólveres e munição para sobreviver durante os nove meses de salário atrasado.
Por ironia, foram os próprios funcionários, com os policiais civis e militares à frente, que forçaram a saída daquele que se notabilizou por inflar a folha de pagamento estatal com contratações.
Antes de Suruagy assumir pela primeira vez o governo, Alagoas tinha 17 mil servidores. Três mandatos de Suruagy e duas décadas depois, chegou a 77 mil funcionários. No período, a população do Estado não chegou a dobrar. O maior número de funcionários per capita, entretanto, não se traduziu na melhoria dos serviços públicos.
Pelo Censo de 1991, Alagoas tem o maior analfabetismo do país: 45,5% dos alagoanos com mais de 15 anos não lêem nem escrevem.

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