São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Advogados afirmam que licença é irregular

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A licença do governador Divaldo Suruagy foi considerada irregular e inusitada por três advogados ouvidos pela Folha.
"Isso não é licença, é renúncia ao cargo", afirmou o professor de direito constitucional da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Celso Bastos.
Rui Celso Reali Fragoso, vice-presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo, concordou: "É absolutamente irregular".
O professor de direito constitucional da Universidade Federal do Paraná Clémerson Merlin Cléve reagiu com surpresa ao afastamento do governador. "Nunca vi uma licença com o objetivo de realizar uma acomodação política."
Os advogados apontam dois problemas na licença de Suruagy: ela precisaria ser justificada e ser requerida por tempo determinado.
Na carta que encaminhou à Assembléia Legislativa, Suruagy não faz menção a qualquer problema de natureza pessoal que exigisse seu afastamento.
Ao contrário. Deixa claro que se licencia para contornar uma crise política sobre a qual não tem controle. E chega a pedir o apoio da população a seu substituto.
O professor de direito administrativo da PUC-SP Carlos Ari Sundfeld discordou de seus colegas. Segundo ele, a Constituição não proíbe a licença imotivada.
Sundfeld afirmou que a Assembléia e o governador encontraram um caminho político para administrar a crise do Estado. "Crises políticas tem de ser resolvidas politicamente", disse.
Fragoso, Cléve e Sundfeld sustentaram que a licença de Suruagy não impede o andamento do processo de impeachment contra ele.

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