São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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PMs gaúchos fazem passeata e decidem entrar em greve hoje

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN

CARLOS ALBERTO DE SOUZA; LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Acordo do governo com entidade de PMs pode evitar paralisação anunciada para hoje

Policiais militares do Rio Grande do Sul decidiram iniciar uma paralisação a partir da zero hora de hoje, caso suas reivindicações não fossem atendidas pelo governador do Estado, Antônio Brito (PMDB).
Pelo menos 6.000 policiais militares do Rio Grande do Sul fizeram passeata ontem em Porto Alegre, após assembléia da categoria, para pressionar o governador Antônio Britto (PMDB) a atender as suas reivindicações.
No final do ato, eles se concentraram em frente ao Palácio Piratini, sede do governo.
Na assembléia, os PMs decidiram iniciar uma paralisação a partir da 0h hora de hoje, caso suas reivindicações não fossem atendidas pelo governador do Estado, Antônio Britto (PMDB).
À noite, porém, o governo gaúcho e o presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho, Pedro Dias de Moraes, fizeram um acordo a fim de que os PMs prorroguem uma possível paralisação para a 0h de quarta-feira.
A entidade é uma das duas associações que representam os PMs no Estado. A outra é a Associação dos Cabos e Soldados. Seus dirigentes não foram localizados pela Agência Folha ontem para comentarem o acordo.
A trégua ocorreu porque o governo prometeu estudar um aumento no índice do risco de vida e preparar um projeto de lei prevendo um aumento de custeio, a fim de conceder o reajuste.
Na manifestação, houve movimentação de tropas do Exército, com tanques, no centro. A tropa não interveio e não ocorreram incidentes entre PMs e Exército.
O Comando Militar do Sul informou que o governador não havia "oficializado" o pedido de emprego do Exército. Mas o presidente FHC antecipou-se e autorizou o ministro do Exército, Zenildo de Lucena, a usar as tropas para conter o movimento.
Em nota oficial, divulgada após a decisão dos PMs de parar de trabalhar, o governo disse que o atendimento das reivindicações dependia da "busca de fontes adicionais de recursos", o que necessitaria de aprovação da Assembléia.
Houve divergência entre o presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho, Pedro Moraes, e o presidente da Associação de Cabos e Soldados, Adelmar Vieira. Moraes propôs a concessão de 48 horas para uma resposta do governo, enquanto Vieira defendeu um prazo menor.
Os PMs chamaram Britto de "chupa-cabra" e condenaram o empréstimo dado pelo governo à General Motors, de US$ 253 milhões. Disseram que o "dinheiro da PM" havia sido entregue à GM.
Os PMs afirmam que o governo deixou de cumprir a lei 10.395/95, não pagando 104% de reajuste de janeiro de 1996 até agora, sobre salário e adicional de risco de vida. O governo alega falta de recursos.
A passeata, que saiu da zona leste com cerca de 4.000 PMs, chegou ao centro, depois de quase duas horas e oito quilômetros de percurso, com pelo menos 6.000 soldados, conforme os organizadores.
Bomba
Uma explosão, no final da tarde, causou danos materiais na sede da Polícia Civil gaúcha, em Porto Alegre. Ninguém ficou ferido.
Hoje, policiais civis farão assembléia para decidir se entrarão em greve. A polícia abriu inquérito para investigar a explosão.

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