São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Pressão da PM afasta governador de Alagoas; choque deixa 13 feridos

DA REDAÇÃO

Pressionado pela Polícia Militar de Alagoas, o governador do Estado, Divaldo Suruagy (PMDB), pediu licenciamento do cargo ontem depois de confronto armado que deixou 13 pessoas feridas, sendo 3 a bala.
Armados e a ameaçando de morte 26 deputados estaduais, cerca de 15 mil manifestantes, liderados pela PM e pela Polícia Civil, cercaram a Assembléia Legislativa de Alagoas e exigiram o impeachment de Suruagy. Sem salários há mais de seis meses, enfrentaram baionetas, fuzis, pistolas e cassetetes de 250 soldados do Exército que protegiam o prédio da Assembléia -onde seria votado o processo de impeachment de Suruagy, envolvido no escândalo dos precatórios.
Acuados na Assembléia, os 26 deputados, vários deles armados, anunciaram apoio ao impeachment. Suruagy antecipou-se e apresentou um pedido de afastamento, aprovado ontem mesmo e válido por 180 dias. "Aceitei tirar licença para manter a paz em Alagoas e para proteger os deputados aliados que estão sitiados na Assembléia", afirmou Suruagy. O vice-governador Manoel Gomes de Barros (PTB) assume interinamente.
O tiroteio começou pouco depois das 8h30, quando os manifestantes derrubaram parte da grade de proteção da praça D. Pedro 2º, em frente à Assembléia. A prefeita de Maceió (AL), Kátia Born (PSB), passou pela barreira para negociar com o comando do Exército e foi seguida por mais de 50 manifestantes. Para conter a invasão, o Exército disparou cerca de 20 tiros e 20 bombas de efeito moral. A batalha durou entre 5 e 10 minutos com saldo de dois policiais e um servidor baleados e outras dez pessoas feridas.
Ontem pela manhã, em reunião com integrantes da bancada alagoana e ministros, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que no Estado "tudo é feito pela metade". O governo decidiu liberar antecipação de receita para o Estado.
Manifestações de policiais por reajuste de salários se alastraram ontem. Em Pernambuco, cerca de 8.000 pessoas, segundo os organizadores, participaram em Recife de passeata convocada por policiais. O Exército isolou a sede do governo com rolos de arame farpado. No Rio Grande do Sul, policiais militares decidiram iniciar uma paralisação a partir da 0h de hoje e fizeram ato que reuniu 6.000 PMs. Na Paraíba, cerca de 1.500 policiais militares também fizeram protestos por aumentos.

LEIA MAIS sobre a crise nos Estados da pág. 1-5 à 1-14

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