São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Bomba explodiu no Fokker, conclui IC

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O IC (Instituto de Criminalística de São Paulo) concluiu que foi realmente uma bomba o artefato que explodiu no interior do Fokker-100 da TAM no dia 9.
O laudo final das análises será divulgado oficialmente hoje pela manhã. De acordo com o perito Antonio Augusto de Souza Lima, chefe do laboratório de química do instituto, no laudo não haverá a palavra bomba, e sim o nome técnico "artefato explosivo".
Souza Lima afirmou ainda que, no momento, não é possível determinar se a explosão foi criminosa. No entanto, para ele, "a maior probabilidade é que tenha sido intencional".
"No começo, a gente tratava como se fosse uma infeliz coincidência, mas agora não", diz.
Os peritos passaram a ter certeza de que se tratava de uma bomba quando as análises encontraram vestígios de um detonador composto de uma substância química conhecida como estifnato de chumbo.
Até então, o IC tinha apenas certeza de que o acidente tinha sido provocado por algum explosivo nitrogenado, pois havia sido encontrado nitrito (resíduo de explosivos após a detonação) nas roupas do empresário Fernando Caldeira de Moura, única vítima fatal, e na fuselagem do avião.
O IC manteve em segredo durante todo o dia de ontem o nome do explosivo. Osvaldo Negrini Neto, diretor técnico do IC, disse apenas que poderia ser nitrato de amônia ou nitropenta. A Folha apurou que se trata de nitrato de amônia.
Os dois elementos são utilizados em pedreiras e empresas de demolição, por exemplo. Tanto os explosivos como o detonador são controlados pelo Exército.
Negrini também acredita que a explosão tenha sido criminosa. "A possibilidade de acionamento involuntário do detonador é pequena, mas está sendo analisada."
Ele diz também que "uma pessoa que estivesse de posse desses materiais sabia que se tratava de algo perigoso".
O IC não descarta a hipótese de a bomba ter sido acionada à distância. Além disso, um detonador de estifnato de chumbo tem características que permitem programá-lo, como uma bomba-relógio.
O laudo será encaminhado à delegacia do aeroporto de Congonhas. A Aeronáutica pediu uma cópia. "Se a Polícia Federal quiser uma, é só solicitar", afirma Benedito Pimentel, diretor-geral do IC.

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