São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 1997
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Detentas fazem quebra-quebra em SP

DA FT

As 400 detentas da Penitenciária Feminina, no Complexo Penitenciário do Carandiru (zona norte de SP), se rebelaram ontem. A revolta ocorreu às 11h, depois que uma presa foi punida por agredir a agente penitenciária Marta Rocha, 29.
Por causa da agressão, a detenta Cristina Gonçalves Carvalho, 35, foi isolada em uma cela no pavilhão 1. Revoltada com a punição, Cristina ateou fogo no colchão e sofreu queimaduras.
As demais detentas, inconformadas com a demora das funcionárias do presídio em socorrer a colega, começaram a depredar as instalações da penitenciária.
Armadas com pedaços de lata e paus, elas foram até o setor administrativo, quebraram computadores, atearam fogo em uma mesa e rasgaram suas fichas de controle de remissão de pena.
Logo depois, estouraram o cofre da tesouraria e apanharam o dinheiro que recebem pelo trabalho na prisão.
Algumas delas entraram na farmácia e ingeriram psicotrópicos que misturaram com álcool, encontrado em uma das oficinas de trabalhos manuais. Na cozinha, as detentas estouraram o encanamento de gás. Duas unidades do Corpo de Bombeiros foram chamadas. Policiais militares cercaram o prédio.
Um grupo de 20 presas tentou pular o alambrado para fugir pelos fundos do presídio, mas foi contido pelos policiais. Uma presa conseguiu escapar e foi recapturada na rua. Outra, embriagada, caiu e acabou se ferindo.
Ao agarrar uma detenta, a agente penitenciária Marisol Nunes Ortega, 37, sofreu um corte na mão. A detenta Cristina foi levada com queimaduras pelo corpo para o hospital Tatuapé, onde foi medicada. Ela retornou ao presídio. Seu estado de saúde é bom, segundo as funcionárias.
A rebelião terminou às 17h40. A demora ocorreu, segundo a direção, porque 15 detentas, embriagadas e drogadas, se recusaram a voltar para suas celas.
Os funcionários da penitenciária afirmam que o estopim da rebelião ocorreu na terça-feira. Nesse dia, a detenta Cristina pegou uma caneta da agente Marta e se recusou a devolvê-la. Como punição, ficou proibida por 15 dias de assistir televisão à noite.
"Nós sabíamos que algo ia acontecer. As presas estavam muito agitadas", disse a agente Cleide Miranda Palmeira, 46.
Segundo ela, o socorro à detenta queimada não foi imediato porque a penitenciária não tem mangueira e nem extintor de incêndio. Foram as próprias presas que precisaram apagar o fogo.

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